(*) Lígia Fleury –
Recentemente foi publicado o Ranking Internacional de Educação,
especificamente sobre o desempenho do Ensino Fundamental, por meio de
uma pesquisa da Pearson Internacional.
Para nosso desgosto não há surpresa: entre quarenta países, o Brasil ocupa o trigésimo nono lugar, à frente apenas da Indonésia.
O interessante desses dados é o momento em que são publicados, pois o
primeiro colocado, sem surpresa alguma, é a Finlândia, o país menos
corrupto de que se tem notícia.
Fazendo a comparação com o Brasil, há que se pensar mesmo que
Educação é responsabilidade social, que engloba governo e sociedade
civil. Mas parece que isso não importa muito.
Finlândia tem a Educação como primeira responsabilidade. Exige
qualificação dos professores, mas oferece a eles essa formação de
excelência. Os professores têm o reconhecimento de seu trabalho e se
sentem responsáveis pela formação de seus alunos.
No Brasil, não há procura dos para os cursos de Pedagogia; os
vestibulandos nem cogitam essa área. Temos mais vagas que candidatos.
Por quê?
1) Professor não é respeitado;
2) Professor tem vários empregos;
3) Professor não tem salário digno;
4) Professor hoje, no Brasil, precisa ser protegido;
5) Escolas, no Brasil, têm grades – liberdade está fora delas?
6) Qualidade de vida do professor é inferior à de outras profissões;
Eu poderia acrescentar outros itens a essa lista, mas vamos analisar outra.
Professor é aquele que:
1) Orienta o aluno a transformar informação em conhecimento;
2) Participa, ativamente, da formação do aluno;
3) Estuda para formar outros profissionais;
4) Dissemina o gosto pela leitura;
5) Apresenta caminhos possíveis para a pesquisa;
6) Trabalha valores éticos no cotidiano;
7) Incentiva os alunos a valorizar suas competências;
8) Busca, nas notícias do dia a dia, a contextualização dos saberes;
9) Tem, como material de trabalho, o HUMANO;
Eu também poderia acrescentar a essa lista outros inúmeros itens, mas
acredito que todos tenham comparado ambas. Sugiro a reflexão:
1) Como o profissional que trabalha com os saberes do ser humano pode ser tão desqualificado?
O Brasil só sairá desse lugar vergonhoso quando, ao invés de
continuarmos apontando os problemas da Educação, melhorarmos a matriz
curricular que forma os professores, oferecermos a eles salário digno
compatível com a responsabilidade de formar pessoas, alterarmos a matriz
curricular das escolas, ampliando a cultura dos alunos, oferecermos
cursos de atualização – sérios, complexos, com docentes competentes –
para aqueles que já se formaram.
Outro fator essencial para o país sair desse estado vergonhoso no
qual se encontra a Educação, é disseminarmos a tal da ética e o tal do
respeito pelos gabinetes políticos, para quem sabe, um dia, talvez,
quem sabe, um ou dois dos que lá permanecem – visitam o local -, tenham a
decência de propiciar, com o nosso dinheiro, prédios escolares e
material adequado para a aprendizagem.
Fica a pergunta: por que nós, brasileiros, não mudamos esse panorama?
Qual o orgulho de sermos o penúltimo colocado entre quarenta países no
quesito Educação? Eu sinto vergonha… e se isso é uma batalha, proponho
trégua, para que o Brasil recupere a dignidade de seu povo. Dignidade
começa pela educação!
Até que isso aconteça, vou lutando ao menos para que os analfabetos
funcionais consigam sair do lugar de “vaquinhas de presépio” e percebam o
que seus representantes políticos estão fazendo em troca de suas cestas
básicas…
Até que isso aconteça, o Brasil continuará sim nos últimos lugares da classificação mundial de Educação.
Desde que não seja o último no futebol, parece que tudo bem… Aliás, que mal eu pergunte: a Finlândia disputa a Copa de 2014???
(*) Lígia Fleury é psicopedagoga, palestrante, assessora pedagógica educacional, colunista em jornais de Santa Catarina e autora do blog educacaolharcomligiafleury.blogspot.com.

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