sábado, 1 de junho de 2013

Comissão da Verdade terá orçamento de R$ 10 milhões este ano

Dyelle Menezes e Marina Dutra
Do Contas Abertas

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) foi instalada há um ano com o objetivo de apurar graves violações de direitos humanos ocorridas no período da ditadura militar. Para concretizar essa finalidade, a CNV vai contar com R$ 10 milhões este ano. Até o momento, R$ 463,5 mil já foram pagos (4,6% do total) e R$ 1,3 milhão já foi empenhado, ou seja, reservado em orçamento para gasto posterior (13%).
Do total, R$ 680 mil foram orçados para despesas com passagens e diárias, dos quais R$ 266,9 mil já foram pagos. Os gastos incluem passagens para viagens dentro do Brasil e para o exterior, além de diárias para servidores. Outros R$ 369,4 mil estão orçados para serviços de terceiros, seja pessoa física ou jurídica. Desses dispêndios, 36,6% (R$ 135 mil) já foram empregados para a realização de exposições, congressos e conferências da Comissão. 
Há ainda R$ 180,1 mil autorizados para locação de mão de obra para apoio administrativo, técnico e operacional. Até agora, nenhum centavo foi pago, mas todo o valor já foi empenhado. A grande parcela dos recursos, no entanto, não está descrita no orçamento da CNV e, por isso, não é possível detalhar todos os futuros gastos. 
Os trabalhos da comissão foram prorrogados pela presidente Dilma Rousseff até dezembro de 2014. O grupo atuaria, a princípio, por dois anos e encerraria sua pesquisa em maio do ano que vem. De acordo com a presidente, a prorrogação foi motivada por pedidos de entidades estudantis.
Balanço
Ao completar um ano do início dos trabalhos, a Comissão Nacional da Verdade apresentou um balanço com as principais atividades do grupo. De acordo com o documento, a CNV realizou 15 audiências públicas em nove unidades da federação (uma em Goiás, duas no Distrito Federal, quatro no Rio de Janeiro, duas no Pará, uma em Pernambuco, uma em Minas Gerais, uma no Paraná, uma no Rio Grande do Sul e duas em São Paulo).
Nesse período, a Comissão colheu 268 depoimentos (de vítimas, testemunhas e agentes da repressão da ditadura civil-militar de 64-85), sendo 207 de vítimas e testemunhas de graves violações de direitos humanos. Desses depoimentos, 59 foram reservados e 148 foram expressos nas audiências públicas. Foram colhidos 37 depoimentos de pessoas diretamente ligadas ou envolvidas com o aparato de repressão.
Foram levantados ainda 337 nomes para depoimento, sendo que 240 estão vivos e foram localizados, com levantamento preliminar de informações, incluindo dados pessoais dos futuros depoentes.
Outro lado
Em matéria publicada esta semana na revista Veja a publicação afirmou que “a robustez dos números só serviu para realçar a magreza de resultados”. De acordo com a matéria, dezenas de famílias esperaram em vão pela chance de ter os casos de parentes investigados.
Segundo a reportagem “no período de trabalho da comissão, nem um único corpo foi localizado e, em alguns poucos casos, o máximo que se conseguiu foi agregar algum detalhe ao que já era sabido”. Veja ainda criticou a tentativa de anular a Lei da Anistia, proposta pela comissão.
De acordo com uma das fontes ouvidas pela equipe de reportagem “Mais parece uma comissão de inquérito do que uma comissão da verdade. Eles não estão fazendo o que a presidente Dilma determinou, mas o que sempre quiseram fazer: buscar vingança”.
Mesmo com as críticas, a publicação cita como conquista o “caso Vladimir Herzog”. Desde o ano passado, a certidão de óbito do jornalista, que o regime militar dizia ter se suicidado na prisão, registra uma mudança. No lugar de "asfixia mecânica" como causa da morte, consta agora morte "em decorrência de lesões e maus-tratos sofridos em dependência do Exército".

Nenhum comentário:

Postar um comentário