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terça-feira, 21 de abril de 2015

Petrolão: PT teme multa milionária por participação em escândalo e o fim do partido

Estouro de caixa – Após denúncias da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, que investiga denúncias de corrupção na Petrobras, o maior temor do Partido dos Trabalhadores, segundo informações, é perder a legenda. A cassação ou inviabilização do PT não é descartada por integrantes do partido.
O PT tem a real chance de ser penalizado financeiramente e ter de ressarcir os cofres públicos no rastro do Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história da humanidade. O valor da multa ainda não foi divulgado, mas pode chegar à US$ 200 milhões, o que oficialmente inviabilizaria a legenda.
O montante foi calculado pelos próprios petistas com base nos valores que Pedro Barusco, ex-gerente de Engenharia da Petrobras, revelou em depoimento de delação premiada à Justiça. De acordo com integrantes da cúpula petista, se a multa for aplicada, o partido implodirá.
De acordo com a denúncia de Barusco, entre os anos de 2003 a 2013, o PT teria recebido entre aproximadamente R$ 200 milhões de reais em propina de 90 contratos firmados com a Petrobras. O cálculo foi feito tendo em vista o que ele mesmo recebeu no esquema de corrupção da estatal.
Ainda segundo o ex-gerente, João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do partido preso na última quarta-feira, seria o responsável pelo recebimento da propina destinada ao PT.
Na última sexta-feira (17), o PT anunciou que os diretórios nacional, estaduais e municipais da sigla não vão mais receber doações empresariais. A informação foi divulgada por Rui Falcão, presidente do partido e defensor do fim do financiamento empresarial de campanhas políticas.
A decisão foi anunciada um mês depois que a Operação Lava Jato revelou que o financiamento empresarial de campanhas eleitorais foi usado como um método para maquiar propinas.
Atualmente o Congresso discute uma reforma política que modifique as regras do financiamento de campanhas eleitorais no país. Hoje, esse financiamento é misto: poder público, pessoas físicas e empresas contribuem.
O PMDB, principal aliado do governo, defende a garantia das doações empresariais. 

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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Líderes querem ouvir Sauer e promover acareação entre Costa e Cerveró na próxima semana

Força total – Os líderes do PPS, do PSDB e do Democratas na Câmara doas Deputados, Rubens Bueno (PR), Antonio Imbassahy (BA) Mendonça Filho (PE), respectivamente, defenderam nesta quarta-feira (19) que seja realizada na próxima semana a acareação entre os ex-diretores da Petrobras Nestor Cerveró (Área Internacional) e Paulo Roberto Costa (Abastecimento). Os líderes sugerem que o ex-diretor Ildo Sauer (Gás e Energia) da estatal também deveria ser ouvido na semana próxima semana. Caso a CPMI da Petrobras decida realizar uma terceira reunião na próxima quinta-feira, (27), Rubens Bueno avalia que também poderiam ser ouvidos o ex-diretor Renato Duque (Serviços) e o presidente licenciado da Transpreto, Sérgio Machado. Não sendo possível, as oitivas ficariam para a semana seguinte. A sugestão já foi repassada para o comando da CPMI, que também trabalha com a possibilidade da acareação, mas tem outros nomes definidos para as audiências públicas.
A Comissão aprovou na terça-feira (18) requerimento para que Cerveró e Paulo Roberto Costa exponham suas versões contraditórias no plenário do colegiado e também o pedido de convocação de Sauer.
Audiência da quarta
Durante audiência pública da CPMI realizada nesta quarta, Bueno perguntou aos gerentes da Petrobras se ocupar o posto de trabalho deles era tão rendoso quanto foi para o gerente de engenharia Pedro Barusco, que fez acordo com a Justiça para devolver aos cofres públicos R$ 252 milhões provenientes de desvios na estatal.
Além de gerentes da área de controle da Petrobras, foram ouvidos representantes do Tribunal de Contas da União e da Controladoria Geral da União.
Lula e Dilma
O líder insistiu que a presidente Dilma e o ex-presidente Lula são responsáveis pela corrupção na petroleira porque foram eles que nomearam e avalizaram seus diretores. “Como disse o (Sérgio) Gabrielli há algum tempo, a senhora Dilma não pode fugir da responsabilidade dela”, lembrou.
Segundo o parlamentar, a Petrobras se tornou, nos governos do PT, “instrumento para atender apetites de ficar no poder indefinidamente e a qualquer custo”.
Com as investigações da CPMI e da operação Lava Jato, salientou Bueno, “Dilma veio a público dizer que vai apurar tudo, doa a quem doer, como se ela mandasse na Justiça e no Ministério Público”. Na verdade, observou, a presidente não quer nenhuma apuração. Tanto é assim que sua base aliada no Congresso não deixa que sejam votadas as quebras de sigilo bancário, fiscal e telefônico das empreiteiras envolvidas no escândalo da propina e dos desvios.
“Se dependesse da base aliada do Palácio do Planalto, o propinoduto, a roubalheira iriam continuar, com certeza”, afirmou. O PT e seus aliados fizeram da Petrobras objeto de jogo de interesses político-partidários e também de aproveitadores que estão dentro dela, avaliou.
“Temos a maior admiração pelos funcionários da Petrobras e pela empresa, que sempre foi um orgulho para o país, mas uma quadrilha se apossou dela para dilapidá-la e fazer caixa de campanha. Para investigar isso tudo temos que ir até o fim”, disse.

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Empreiteiras afundam cada vez mais no “Petrolão” e advogados desesperados apelam ao absurdo

Face lenhosa – Quando noticiou com exclusividade que as empreiteiras envolvidas no “Petrolão” levariam às autoridades a tese da leniência, o UCHO.INFO afirmou, sem medo de errar, que a estratégia fracassaria de forma solene. Isso porque os investigadores da Operação Lava-Jato têm mãos muito mais provas do que os executivos das empresas imaginam. E de fato fracassou. Essa manobra surgiu depois de alguns alarifes de plantão tentarem tirar do juiz federal Sérgio Fernando Moro o comando dos processos decorrentes da operação da Polícia Federal. Atolados no maior escândalo de corrupção da história nacional, na condição de protagonistas, as empreiteiras não apenas se preocupam com seus executivos, presos na Operação Juízo Final, sétima etapa da Lava-Jato, mas com a continuidade dos respectivos negócios, fortemente abalados pelo imbróglio. Com base nesse propósito, as empreiteiras, por meio dos advogados dos executivos presos, passaram a adotar a tese absurda de que foram vítimas de extorsão, assunto que mereceu matéria do UCHO.INFO na edição de quarta-feira (19).
Beira a irresponsabilidade afirmar que diretores de grandes empresas da construção pesada se renderam à extorsão praticada por criminosos que faziam girar, dentro da Petrobras, um carrossel bilionário de corrupção. Extorsão é crime e como tal deve ser prontamente denunciada às autoridades policiais para que os marginais sejam presos em flagrante. Contratados a peso de ouro pelas empreiteiras e por seus diretores, os mais badalados criminalistas do País agora se dedicam a declarações estapafúrdias.
Só se rende ao crime de extorsão – e com ele consente – quem está disposto a fazer parte da quadrilha, o que significa ganhar rios de dinheiro. A tese pífia da extorsão foi lançada pelo vice-presidente-executivo da construtora Mendes Junior, Sérgio Cunha Mendes, preso na Operação Juízo Final. Cunha Mendes disse em seu depoimento aos policiais federais que aceitou pagar propina de R$ 8 milhões, em quatro parcelas, para conseguir um contrato com a Petrobras. A falsidade dessa declaração ergue-se a partir de um detalhe: a propina foi paga em quatro parcelas consecutivas e de igual valor a Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, e ao doleiro Alberto Youssef.
Sérgio Cunha Mendes pode dizer o que quiser, até porque em tese o Brasil ainda é uma democracia, mas o executivo não pode querer que os brasileiros acreditem em tamanha sandice. Afinal, sabe-se, não é de hoje, que durante décadas as empreiteiras foram – e ainda são – a mola propulsora da corrupção no País, que anualmente arranca dos bolsos dos brasileiros a bagatela de R$ 80 bilhões.
A mais nova empreitada dos advogados que atuam na Operação Lava-Jato é “vender” ao Supremo Tribunal Federal a ideia absurda de que o caso deve sair de Paraná. Na opinião dos criminalistas que defendem executivos da Engevix, o competente e corajoso juiz federal Sérgio Moro usurpou da competência do STF ao ocultar no bojo do processo os crimes relacionados aos deputados federais André Vargas e Luiz Argôlo.
Como tem afirmado reiteradas vezes o UCHO.INFO, o advogado tem o dever profissional defender o cliente, desde que para tanto não ultraje a coerência e o bom senso jurídico. As denúncias que deram origem à Lava-Jato, feitas pelo empresário Hermes Magnus e pelo editor do site, tinham como base os crimes cometidos em Londrina pela quadrilha comandada pelo então deputado federal José Janene (PP-PR), já falecido, cujo braço direito no universo dos desmandos era ninguém menos que Alberto Youssef, seu compadre. Portanto, as investigações e os processos da Operação Lava-Jato ocorrem adequada e legalmente e devem permanecer no Paraná.
Que a situação dos envolvidos no esquema criminoso conhecido como “Petrolão” é difícil todos sabem, mas não se pode aceitar passivamente que advogados recorram ao absurdo para justificar os estratosféricos honorários cobrados dos criminosos. Os criminalistas que ora defendem os executivos da Engevix deveriam se preocupar com os desdobramentos do caso, uma vez que há muito mais escândalos na fila de espera. Se dúvidas a respeito persistirem, que esses advogados perguntem a Silas Rondeau, Erenice Guerra e outros tantos frequentadores das coxias do poder.

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terça-feira, 23 de setembro de 2014

Vídeo sobre o mensalão viraliza mostrando José Dirceu falando sobre o projeto de poder do PT

Um vídeo, produzido pelo site Implicante, traz cenas do julgamento do mensalão, intercaladas com falas de José Dirceu, Delúbio Soares e do ex-presidente Lula. O vídeo mostra a indignação de alguns ministros do STF ao descrever os crimes cometidos pelos mensaleiros, paralelamente ao discurso dos condenados, revelando estratégias para chegar ao poder. 
O vídeo conclui com uma mensagem aos eleitores: "O STF fez a sua parte. Agora é com você".

Veja o vídeo:

PT pagou R$ 6 milhões para Lula, Dirceu e Carvalho ficarem isentos da morte de Celso Daniel, denuncia Veja

O colunista Reinaldo Azevedo explica, em programa da Rádio Jovem Pan, novas denúncias envolvendo a alta cúpula do PT. Reinaldo Azevedo relata os fatos publicados pela revista, envolvendo uma rede de chantagens que envolve roubos dos cofres da Petrobras e o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel. As chantagens teriam sido pagas para preservar os poderosos do partido: Lula, José Dirceu e Gilberto Carvalho. 


 VEJA O VÍDEO:



segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Em comunicado estranho, IBGE admite “erros graves” na PNAD e afirma que desigualdade caiu

Não convenceu – Depois que surgiu a notícia de Dilma Rousseff, a presidente-candidata, distribuiu material de campanha de maneira bisonha pelos Correios, sem a devida comprovação de pagamento pelo serviço, o País é tomado por mais uma notícia que coloca em xeque o grau de resistência da democracia.

No começo da noite desta sexta-feira (19), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) corrigiu dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) referente a 2013, divulgada na quinta (18). Presidente do instituto, Wasmália Bivar pediu desculpas por erros “extremamente graves” durante entrevista coletiva no Rio de Janeiro.

O equívoco afetou diversos índices divulgados, como, por exemplo, analfabetismo e o índice de Gini, que calcula o nível de desigualdade social. Esse último diminuiu em vez de aumentar, como primeiramente constava na pesquisa divulgada na quinta-feira, quando foi informado que o índice era de 0,498, mas o número correto, de acordo com o IBGE, é de 0,495. O índice de analfabetismo caiu de 8,7%, em 2012, para 8,5% em 2013 – e não 8,3% como informado anteriormente.

De acordo com nota divulgada há instantes, os erros ocorreram no processo de expansão da amostra do PNAD 2013, o que provocou alterações nos resultados de sete estados: Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.

“No processo de expansão da amostra da PNAD 2013, foi utilizada, equivocadamente, a projeção de população referente a todas as áreas metropolitanas em vez da projeção de população da Região Metropolitana na qual está inserida a capital”, destaca a nota.

A nota também afirma que “ao constatar esse erro o IBGE tomou imediatamente as seguintes providências: recalculou os novos fatores de expansão; as estimativas de indicadores; e refez o plano tabular, com suas respectivas precisões”.

Os resultados da PNAD 2013 e os microdados referentes às variáveis dos pesos foram substituídos e estão disponíveis no portal do IBGE na rede mundial de computadores.

Como se sabe, é cada vez maior o pavor entre os petistas palacianos diante da possibilidade crescente de Dilma Rousseff ser derrotada nas urnas de outubro próximo. Isso porque o cipoal de escândalos de corrupção pode aniquilar o PT se for descoberto e revelado à opinião pública.

Em regimes de exceção, o governo normalmente manipula dados oficiais para tentar perpetuar-se no poder e não perder o apoio popular. Em regimes democráticos, atitudes como essa são abomináveis. Mesmo diante dessa realidade, o governo de Dilma Rousseff impediu que o IBGE divulgasse, neste ano, o resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua). Trata-se de um estudo novo desenvolvido com amostragem e abrangência diferentes da tradicional Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que o IBGE usa para avaliar a situação do mercado de trabalho no País.

Ao impedir a divulgação da PNAD Contínua, o governo evitou que a população soubesse que a taxa de desemprego em 2013, nessa nova modalidade pesquisa, alcançou a marca a 7,1% na média nacional, que o Nordeste registra índice de 9,5%, quase o dobro do registrado na região Sul, e que 20% dos jovens nordestinos aptos para o trabalho não qualquer ocupação. Por ocasião da polêmica, a presidente do IBGE disse que seriam enormes os riscos de a PNAD Contínua ser contestada.

O anúncio do IBGE, um dia após a divulgação da PNAD, soa estranho, pois faltando pouco mais de duas semanas para a eleição presidencial o órgão descobre que cometeu erros graves. Instituição importante para o País, o IBGE não pode ter abalada a sua reconhecida credibilidade, até porque é de sua alçada o cálculo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, e do Produto Interno Bruto (PIB). Diretores do instituto negaram qualquer tipo de pressão política para que fossem anunciados os tais erros, com a respectiva mudança dos dados, mas a declaração não convenceu.


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terça-feira, 13 de maio de 2014

Autoridades portuguesas investigam Scolari por suposta lavagem de dinheiro e evasão fiscal, afirma site

Alça de mira – Luiz Felipe Scolari, técnico da seleção brasileira, está na mira do Fisco português. Isso porque o treinador teria deixado de declarar ganhos de € 7 milhões, equivalente a R$ 21,2 milhões, montante referente a direito de imagem. O valor em questão teria sido pago entre os anos de 2003 e 2008, período em que Scolari esteve à frente da seleção de Portugal. Se condenado, o treinador do onze verde-louro poderá pegar até 17 anos de prisão.
A informação consta em uma solicitação feita pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Portugal (Diap) da Procuradoria-Geral da República à Justiça norte-americana. O documento, obtido pelo site www.offshorealert.com, foi revelado pela publicação holandesa “Het Financieele Dagblad” (FD).
À imprensa, Scolari afirmou, por meio de assessores, que sempre declara seus rendimentos, mas não respondeu às questões sobre as empresas citadas no procedimento instaurado pelo Fisco português, nem sobre o suposto envolvimento do seu filho no caso.
Autoridades portuguesas afirmam que de € 7.425.438,59 foram pagos a Scolari por direitos de imagem. Quase a totalidade desse valor foi depositado em conta bancária da empresa Chaterella Investors Limited e posteriormente transferido para uma conta do banco Credit Lionnays, em Miami.
De acordo com a investigação que segue em Portugal, um valor menor foi depositado na conta da empresa Flamboyant Sports, com sede na Holanda e escritório nas Bahamas, que é detentora dos direitos de imagem Luiz Felipe e Scolari, através de contrato assinado com a Nike.
No pedido enviado ao governo norte-americano, a Procuradoria-Geral da República de Portugal solicitou ajuda para identificar os depositantes e beneficiados “de fato” em uma série de transferências bancárias envolvendo as tais empresas, por meio de contas bancárias nos Estados Unidos e no Brasil.
“Há razões para suspeitar [que os pagamentos feitos a Flamboyant e a Chaterella] são ‘receitas’ de Luiz Felipe Scolari pagas como ‘direitos de imagem’”, afirma o Diap.
O site “offshorealert.com” afirma que Scolari está sendo investigado em Portugal por lavagem de dinheiro e evasão fiscal.

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quinta-feira, 24 de abril de 2014

Operação Lava-Jato: os tentáculos de um grupo criminoso especializado em desafiar a lei e lavar dinheiro

Alça de mira – Não foi por acaso que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, decidiu pela criação de uma força-tarefa, composta por cinco procuradores, para acompanhar os nefastos e explosivos desdobramentos da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, que desbaratou um esquema criminoso de lavagem de dinheiro que pode ter movimentado R$ 10 bilhões.
A decisão de Janot foi tomada dias antes de a Justiça Federal acolher denúncia contra o doleiro Alberto Youssef, preso em Curitiba desde 17 de março. As denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal têm por base os crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro, fraude em contratos de câmbio, operar instituição financeira sem autorização e formação de quadrilha. Como agentes de tais crimes, de acordo com o MPF, aparecem os nomes de Alberto Youssef, Carlos Alberto Pereira da Costa, Esdras de Arantes Ferreira, Leandro Meirelles, Leonardo Meirelles, Pedro Argese Júnior e Raphael Flores Rodrigues.
É necessário destacar que as investigações que culminaram com a Operação Lava-Jato tiveram como ponto de partida denúncias formuladas pelo empresário Hermes Magnus, dono da Dunel Indústria e Comércio, e pelo ucho.info. Como já mencionado nas reportagens anteriores da série, a Dunel procurava um investidor para ampliar seus negócios e seu proprietário acabou como alvo de uma criminosa armadilha do ex-deputado José Janene, já falecido e conhecido como o “Xeique do Mensalão do PT”.
Sem conhecer o currículo peçonhento de Janene, o empresário acertou um investimento de R$ 2 milhões para incrementar a produção de equipamentos de automação e certificação industrial. O aporte financeiro se deu através da empresa CSA Project Finance, comandada por José Janene e Alberto Youssef, mas que tinha como um dos prepostos da dupla o “cítrico” Carlos Alberto Pereira da Costa. Outro que frequentava o laranjal do crime é Cláudio Mente, que não foi alcançado pela Operação Lava-Jato.
Os integrantes do esquema liderado por Youssef não são amadores e evitaram deixar rastros, mas a sensação de impunidade de alguns beneficiários das ações criminosas acabou desmoronando um castelo de desmandos e corrupção. Ao denunciar os acusados pelos crimes acima descritos, o Ministério Público Federal foi cirurgicamente preciso, pois o inquérito da PF não deixa dúvidas acerca do assunto, como pode-se conferir abaixo.
No início de 2009, quando as denúncias contra José Janene e Alberto Youssef começaram a aterrissar nas escrivaninhas das autoridades, uma intrincada lavanderia financeira já funcionava a todo vapor sob a batuta do ex-deputado federal pelo Partido Progressista, que anos depois veio a falecer em decorrência de problemas cardíacos. As primeiras evidências do funcionamento dessa central de branqueamento de capitais surgiram com os depósitos bancários feitos, a mando da CSA, nas contas dos fornecedores da Dunel, que passaram a exigir documentos que comprovassem a origem do dinheiro. Foi a partir desse ponto de discordância entre Magnus e o bando de Janene é que a fervura subiu. Por sorte o Brasil foi contemplado com a retidão de caráter de Hermes Magnus, que continua correndo risco de vida.
Quadrado pisou na bola
 Não bastasse o seu envolvimento no Mensalão do PT, o maior e mais ousado escândalo de corrupção da história polícia nacional, e a lavanderia financeira que comandava, José Janene viu surgir no horizonte outro imbróglio. Ex-diretor da corretora Bônus Banval e condenado pelo STF na Ação Penal 470, Enivaldo Quadrado foi preso no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, no dia 6 de dezembro de 2008. Quadrado desembarcou no aeroporto transportando 361 mil euros (cerca de R$ 1,2 milhão à época), mas não declarou a quantia à Receita Federal. Fora isso, foi acusado de falsidade ideológica, pois informou ao órgão que não trazia mais do que US$ 10 mil, limite estabelecido por lei e que dispensa declarações específicas.
No momento da prisão, Enivaldo Quadrado disse que o dinheiro era proveniente de um empréstimo feito por um amigo português, cujo nome jamais foi revelado, e que serviria para investir em um negócio de automóveis. Na verdade, de acordo com as investigações, Quadrado teria mentido aos policiais para proteger outro amigo, o enrolado José Janene, o verdadeiro dono do dinheiro.
Como sabem os moradores de Londrina e confirmou a Polícia Federal no inquérito da Lava-Jato, Janene tinha entre seus bens a JN Rent a Car, empresa de locação de veículos que ainda manteria contratos com muitas prefeituras de vários estados brasileiros. A “JN” focou seu negócio na terceirização de frota das prefeituras, cujos contratos, segundo consta, eram conseguidos à base de pressão e pagamento de propina.

Escondendo o ouro
  Preso na esteira da Operação Lava-Jato, Enivaldo Quadrado manteve segredo sobre os 361 mil euros, encontrados pela PF nas meias, na cueca e em uma pasta do “irmão camarada” de Janene. Apesar do mistério sobre a origem do dinheiro, suspeita-se que parte seria entregue, em Londrina, a Stael Fernanda Rodrigues Lima, ex-mulher de José Janene, de quem o político havia se separado meses antes.
O que a PF jamais soube é que na madrugada do dia em que Enivaldo Quadrado foi preso em Guarulhos, parentes de Janene viajaram a São Paulo em uma camionete de sua propriedade para receber o dinheiro e levá-lo a Londrina. À época, Stael Fernanda declarou à imprensa que desconhecia o caso do dinheiro apreendido com Enivaldo Quadrado. Disse, inclusive, que gostaria de ser a destinatária do mesmo.
A relação nada ortodoxa entre José Janene, Enivaldo Quadrado e Alberto Youssef ganha força nas investigações da Operação Lava-Jato. Em uma das muitas interceptações, a PF encontra indícios de que Quadrado é subordinado a Youssef e que a Bônus Banval sempre pertenceu ao doleiro. O que explica o fato de Daniele Janene, filha de José Janene, ter estagiado na corretora que foi uma das lavanderias do Mensalão do PT.
 De Celso Daniel à Lava-Jato
 A teia criminosa que salta da Lava-Jato não é pequena. Em uma das mensagens interceptadas, a Polícia Federal sugere Nelma Kodama, que diz ser “a dama do mercado de câmbio”, tem ressentimentos em relação a Youssef.
Em mensagem interceptada, Nelma troca confidências com Aline Temer Kamada da Rocha Mattos, ex-mulher de João Carlos da Rocha Mattos, ex-juiz federal preso na Operação Anaconda acusado de venda de sentenças judiciais. Nelma, que detalha à ex-cunhada algumas das estripulias financeiras de Alberto Youssef, foi presa no Aeroporto de Guarulhos, momentos antes de embarcar para a Europa, portando 200 mil euros na calcinha. Aos policiais federais da Operação Lava-Jato a “dama do câmbio” disse que o dinheiro seria utilizado na compra de moveis europeus, uma vez que atualmente ela se dedica ao design. Segundo apurou o ucho.info, o dinheiro estaria sendo levado para a Europa a pedido de um conhecido advogado que atuou no julgamento da Ação Penal 470, que teve como cardápio o Mensalão do PT.
Nelma Kodama não é figura desconhecida nos bastidores das confusões. Em 2005, depôs à CPI dos Correios, ocasião em que negou o envolvimento de Youssef no criminoso esquema operado pelo Palácio do Planalto, mas admitiu ter perdido muito dinheiro na corretora Bônus Banval, que agora a PF suspeita ser de propriedade do doleiro.
Para quem não se recorda, Nelma Kodama atuava com muita desenvoltura em Santo André, importante cidade do Grande ABC, e à época operou com frequência na troca de dinheiro para os envolvidos no escândalo de corrupção que culminou com o assassinato do petista Celso Daniel.

Maranhão no alvo
Entre as muitas operações de câmbio escusas, uma chama a atenção não apenas pelo valor mencionado da transação (US$ 1,3 mil), mas principalmente pela cidade do suposto beneficiário. Em mensagem interceptada pela Polícia Federal, Carlos Habib Chater, operador de câmbio conhecido pela alcunha de “Primo”, informa ao seu interlocutor, identificado como “RO”, que no dia seguinte estaria na capital paulista para finalizar uma transferência de dólares para alguém de São Luís, no Maranhão.
Chater é homem de confiança de Alberto Youssef e participou da operação criminosa de investimento na empresa Dunel, em Londrina, a mando do finado José Janene. Como se sabe, os atacadistas do mercado paralelo de câmbio não operam com valores pequenos, da mesma forma que nesses casos não utilizam cortinas de fumaça para esconder uma operação ínfima, se comparada ao movimento financeiro do esquema liderado por Youssef.
Pessoas que tiveram acesso ao inquérito da Operação Lava-Jato garantiram ao editor do ucho.info que a mencionada transferência, que passaria pela China, seria de US$ 1,3 milhão e pode atrapalhar os planos eleitorais de políticos influentes e conhecidos no Maranhão, sempre envolvidos em negociatas e escândalos de corrupção.
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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

STF retoma julgamento com discussão sobre tese que pode beneficiar trio do PT

Corte analisa interpretação do revisor, Ricardo Lewandowski, favorável à aplicação de lei mais branda para acusados de corrupção ativa e passiva


 Ricardo Lewandowski e Joaquim Barbosa durante o julgamento do mensalão - Pedro Ladeira / Frame/Folhapress
 Depois do ríspido bate-boca entre os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski na última semana, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quarta-feira o julgamento dos recursos apresentados por políticos, empresários e ex-dirigentes partidários condenados no escândalo do mensalão. No início da sessão, a expectativa é que ministros tentem apaziguar o clima de tensão deflagrado após Lewandowski apresentar publicamente uma tese que vai ao encontro de anseios da cúpula do PT e que pode significar a redução de pena para José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares no crime de corrupção ativa.

Conforme revelou o site de VEJA na última sexta-feira, o antigo revisor do mensalão, que ao longo do julgamento atuou deliberadamente em favor dos réus e não mediu esforços para atrasar o processo, tenta emplacar a tese de que deve ser aplicada no mensalão uma lei mais branda envolvendo os crimes de corrupção ativa e passiva – com penas de um a oito anos – e não a legislação vigente a partir de novembro de 2003, quando boa parte das propinas chegou aos bolsos dos mensaleiros. A argumentação de Lewandowski é a de que, como o delito de corrupção é caracterizado pela simples solicitação ou promessa da vantagem, independentemente do efetivo recebimento do benefício, a corte deveria se atentar à data em que os partidos aceitaram fazer parte do acordo de compra de apoio político, e não necessariamente ao momento em que os valores foram efetivamente pagos aos mensaleiros corrompidos.
O entendimento do ministro foi externado no caso do ex-deputado Carlos “Bispo” Rodrigues, condenado a seis anos e três meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Em embargo de declaração, Rodrigues questiona o fato de ter sido condenado por corrupção passiva com base na Lei 10.763, de 2003, que prevê penas mais altas para o crime. A defesa do réu alega que o acordo financeiro firmado entre o PT e o extinto PL (atual PR), legenda à qual o mensaleiro era filiado, ocorreu em 2002, quando estava em vigor a legislação mais branda.
Ao longo do julgamento do mérito da ação penal, no ano passado, a questão sobre a lei que deveria ser utilizada para os réus acusados de corrupção foi alvo de debates dos ministros. Lewandowski chamou a atenção do plenário sobre a mudança na legislação envolvendo corruptos e corruptores e informou que se valeria da súmula 711 da corte, que estabelece a aplicação da lei mais severa caso a participação criminosa houver se estendido no tempo e se uma parte dos crimes tiver ocorrido na vigência da legislação mais rigorosa. Em parte do processo, como na definição da pena a Marcos Valério, operador do esquema, o então revisor utilizou o raciocínio contido na súmula. Agora, na fase de recursos, de olho na diminuição de pena do trio petista, o ministro tenta demolir a argumentação usada por ele próprio no passado.
Banqueiros – Na sessão desta quarta, além do caso envolvendo o ex-deputado Bispo Rodrigues, o presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, pretende levar à votação os embargos de declaração apresentados pelos dirigentes do Banco Rural, instituição financeira que irrigou o mensalão por meio de empréstimos bancários fictícios.
Deverão ser julgados nesta tarde recursos de Kátia Rabello, José Roberto Salgado e Vinícius Samarane, todos integrantes da cúpula do Banco Rural na época do escândalo. Condenada a 16 anos e oito meses de prisão, Kátia Rabello, por exemplo, contesta, nos embargos de declaração apresentados à corte, um suposto erro do Supremo, que considerou a simulação de operações de crédito para responsabilizá-la por gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, que defende a banqueira, afirma que Kátia Rabello foi submetida a um "grave erro judiciário" e argumenta que ela foi condenada "apenas por ter sido presidente do banco”.
A expectativa é que recursos do empresário Marcos Valério, apontado como operador do mensalão, e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares também sejam apreciados na sessão plenária desta quarta.

 Três de agosto. Transcorria o segundo dia de julgamento quando surgiu o pedido de desmembramento do processo, o que beneficiaria os réus, o ministro Ricardo Lewandowski surpreendentemente votou favoravelmente ao pleito do advogado Márcio Thomaz Bastos. Joaquim Barbosa acusou o colega de "deslealdade". "O tom forte de vossa excelência já prenuncia que o julgamento será tumultuado", respondeu Lewandowski. Foi o primeiro embate entre o relator e o revisor. De lá para cá, em situações diversas, o antagonismo se repetiu.



terça-feira, 20 de agosto de 2013

Ministra Cármen Lúcia tem obrigação de julgar o escândalo que envolve Lewandowski, Dilma e o PT

Força total – Os brasileiros precisam pressionar a presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, que decidirá nos próximos dias se investigará ou não a ação do ministro Ricardo Lewandowski no caso do sumiço de documentos que comprometiam o PT e a campanha de Dilma Vana Rousseff.
A um juiz, independentemente da instância em que atua, não cabe a prerrogativa de decidir se uma transgressão deve ou não ser julgada. Cabe ao magistrado cumprir o que determina a legislação vigente, sem privilégio de qualquer natureza, investigando os fatos e punindo os culpados de forma exemplar.
No caso de decidir pela não investigação do escândalo, a ministra concordará com o crime e poderá ser tratada como cúmplice de um caso absurdo, em que Lewandowski usurpou do poder. Essa é a interpretação rasa do caso em questão, que não pode ser tratado com nenhuma dose de benevolência.
Fosse o Brasil um país minimamente sério e com autoridades responsáveis, Ricardo Lewandowski já estaria preso, uma vez que é inconcebível que um juiz elimine documentos que comprometem pessoas com as quais mantém relacionamento. Fosse bem intencionado, Lewandowski teria se declarado impedido de julgar o caso envolvendo Dilma e o Partido dos Trabalhadores.
O comportamento, altamente condenável, reforça as especulações de que Lewandowski atua na mais alta Corte da Justiça como braço avançado do PT. Depois ninguém entende porque o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, perde a paciência com Lewandowski e o acusa de fazer chicana.

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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Gurgel pede ao TSE a cassação do mandato de Roseana Sarney, que após anos prova o próprio veneno

Fila do abate – Procurador-geral da República, Roberto Gurgel requereu ao Tribunal Superior Eleitoral a cassação do mandato da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), e do vice Washington Luiz Oliveira (PT). Há muito aguardado nos bastidores da política nacional e maranhense, o pedido de cassação demorou a chegar à instância máxima da Justiça Eleitoral.
No pedido encaminhado ao TSE, Gurgel alegou que Roseana Sarney, na campanha eleitoral de 2010, cometeu abuso de poder econômico e de autoridade ao firmar, às vésperas do pleito, convênios eminentemente eleitoreiros com diversas prefeituras do Maranhão.
Internado no melhor hospital do País por causa de dengue, o senador José Sarney tentou como pode evitar que o processo chegasse a tal ponto. Para que os leitores entendam a forma peçonhenta de agir do clã Sarney, o senador conseguiu emplacar como ministra efetiva do TSE a advogada Luciana Christina Guimarães Lóssio. Como no mundo da política coincidências não existem, Luciana já advogou para Roseana Sarney e é a relatora do recurso em que o ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB) pede cassação do mandato da filha do caudilho do Maranhão.
Nenhum membro da família Sarney pode criticar a decisão do procurador Roberto Gurgel, uma vez que a própria Roseana valeu-se do mesmo expediente para requerer a cassação do mandato do então governador Jackson Lago (PDT), já falecido, que em 2006 venceu a corrida ao Palácio dos Leões, sede do Executivo maranhense. À época, Roseana Sarney perdeu a eleição para Lago e usou alegações idênticas em sua cruzada contra o adversário político.
Provas contundentes
De acordo com a acusação, Roseana Sarney assinou convênios com prefeituras no valor de quase R$ 1 bilhão com nítido caráter eleitoreiro. Na petição, os advogados alegam que os convênios foram utilizados “como meio de cooptação de prefeitos e lideranças políticas e sindicais”.
Uma das provas do uso eleitoral dos convênios, segundo os advogados, é a concentração da celebração de vários acordos nas vésperas da data da convenção partidária que homologou o nome de Roseana Sarney para disputar as eleições de 2010, em 24 de junho daquele ano. Uma tabela revela que nos quatro dias que antecederam a convenção, a governadora assinou 670 convênios que previram a liberação de mais de R$ 165 milhões para diversos municípios do estado.
O processo também aponta que, em pleno período eleitoral, o governo maranhense começou a construir moradias por meio do programa chamado Viva Casa, com gastos de R$ 70 milhões que não estavam previstos no orçamento. As alegações finais, que somam 79 páginas, trazem planilhas que mostram que a votação de Roseana foi expressiva justamente nos municípios beneficiados com os recursos dos convênios fechados em ano eleitoral.
Ainda na peça, os advogados sustentam que a influência das ações da governadora no resultado eleitoral é facilmente perceptível. Roseana ganhou as eleições no primeiro turno por 0,08% dos votos a mais que a metade dos votos válidos.
No mês de junho de 2010, quatro meses antes da eleição para o governo do Maranhão, foram celebrados pelo governo Roseana Sarney 979 convênios eleitoreiros, totalizando R$ 400 milhões, segundo processo de cassação (RCED 809) movido pelo ex-governador José Reinaldo Tavares contra a diplomação dos atuais governantes maranhenses. Somente nos dias 23 e 24 de junho, no dia da convenção que homologou a candidatura da filha do senador José Sarney, foram 545 convênios. Incluindo fundo a fundo, prefeituras, associações, foram mais de R$ 1 bilhão em convênios de caráter meramente eleitoreiro.

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Eventual cassação de Roseana desmontará o projeto político do clã comandado pelo caudilho Sarney

Encaixando as peças – Cassar ou não cassar? Eis a questão. Essa pergunta nove entre dez brasileiros têm feito desde que foi anunciada, na noite de quarta-feira (7), a decisão do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, de requerer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a cassação do mandato da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), e do vice Washington Luiz Oliveira (PT).
Roseana é acusada de abuso de poder econômico e de autoridade durante a campanha eleitoral de 2010, quando a peemedebista, que estava no Executivo estadual, firmou com prefeituras maranhenses centenas de convênios com viés eleitoreiro. A ação pedindo a cassação do mandato de Roseana foi protocolada pelo ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB), que no passado integrou o grupo político comandado por José Sarney.
A grande questão é se de fato a cassação do mandato da governadora Roseana Sarney será consumada. A dúvida se justifica, porque no Brasil, onde as leis são desrespeitadas de maneira contínua, ainda prevalece a teoria obtusa e tacanha do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.
No processo, que no TSE aguardava um parecer do Ministério Público Federal, sobram provas dos crimes eleitorais cometidos por Roseana, que não pode reclamar de uma eventual decisão desfavorável, pois ela própria se valeu dos mesmos argumentos para pedir a cassação do então governador Jackson Lago (PDT), quem em 2006 derrotou a filha do “coronel” Sarney nas urnas.
O senador José Sarney atuou intensamente nos bastidores para evitar a cassação do mandato da filha, inclusive com indicação da advogada Luciana Christina Guimarães Lóssio, que já defendeu Roseana, como ministra efetiva do TSE. Luciana Lóssio, não por acaso, é a relatora do processo de perda de mandato da governadora maranhense. Acontece que o momento atual é inadequado para qualquer manobra radical nas coxias do Judiciário. As recentes manifestações populares deixaram as autoridades alertas, incluindo nesse rol as do Judiciário, que continua olhando e ouvindo os protestos.
O processo tem provas suficientes e incontestáveis, o que reforça a tendência pela perda do mandato da integrante do clã que em cinco décadas conseguiu a proeza de transformar o Maranhão na mais pobre unidade da federação.
Confirmada a cassação de Roseana, o projeto político de José Sarney irá pelos ares. Com 83 anos e problemas sequenciais de saúde, o senador anunciou, há meses, a intenção de não concorrer a novo mandato eletivo. Para manter o controle político no estado, Sarney decidira que, em 2014, Roseana seria a candidata do clã ao Senado Federal, onde a governadora já cumpriu mandato. Caso o TSE decida pela cassação, Roseana ficará inelegível, obrigando o pai a encontrar outro nome para disputar uma vaga na Câmara Alta.
Apesar desse imbróglio, que com o parecer de Roberto Gurgel fica mais nítido, no Amapá, estado pelo qual o maranhense elegeu-se senador, havia um acordo entre partidos para que Sarney fosse o único candidato ao Senado, concorrendo à vaga que se abrirá ao final da corrente legislatura.
O grande senão nesse enxadrismo político é que, prevalecendo as hipóteses acima mencionadas, a família perderá boa parte do poder político que detém, principalmente no Maranhão. Com isso, alguns integrantes do grupo de Sarney podem orquestrar uma rebelião de última hora, provocando uma cizânia na política local. E candidatos ao papel de desertor não faltam na terra do arroz de cuxá e da vinagreira.

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quarta-feira, 17 de julho de 2013

Efeito Lula II: Petrobras foi pedir em Tóquio a fortuna que perdeu no truque da refinaria de Pasadena

Fio trocado – Um dia, em meados de 2006, Lula, o “doutor honoris causa” que redescobriu o Brasil, aceitou silenciosamente uma bravata esculpida nos imundos bastidores do seu partido. A campanha presidencial daquele ano seguia o seu rumo e a “companheirada”, temendo uma derrota, divulgou que os tucanos, se voltassem ao Palácio do Planalto, privatizariam a Petrobras. Antes isso tivesse acontecido, pois a estatal petrolífera não teria sido assaltada por um partido que se transformou em caso de polícia.
Depois de aparelhar a Petrobras, fazendo com que a empresa sangrasse seus cofres para financiar as coxias de um projeto totalitarista de poder, Lula conseguiu a proeza de estraçalhar financeiramente a estatal, sem em nenhum momento se preocupar com as economias dos acionistas minoritários.
Como se o Brasil já vivesse sob o manto de uma ditadura esquerdista, a Petrobras serviu de palco para os maiores absurdos do mundo dos negócios. A aquisição da refinaria de Pasadena, no Texas, por US$ 1,18 bilhão já teria levado à cadeia os dirigentes da petrolífera nacional caso vivêssemos em um país minimamente sério. O caso ganha contornos de escândalo quando considerado o fato que a obsoleta refinaria não vale sequer US$ 200 milhões.
Como nenhuma empresa, por mais rica que seja, suporta esse tipo de depredação consentida, a Petrobras se viu obrigada a buscar socorro no mercado financeiro internacional. A diretoria da “senhora do pré-sal” bateu à porta do Japan Bank for International Cooperation (JBIC), a quem pediu empréstimo de US$ 1,5 bilhão. Se o truque da refinaria de Pasadena não existisse, a Petrobras certamente não teria passado o chapéu em Tóquio.
Mesmo assim, há pessoas que, como verdadeiras reses de presépio, incensam o “Volta Lula”. Só mesmo em um país com características de hospício isso seria possível. Em se tratando de Brasil…

 
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Reforma política é sonho de uma noite de protesto e reforçará embromação que dura vinte anos

Enganação planaltina – Os brasileiros de bem que não se entreguem ao comodismo, pois a movimentação de parlamentares na órbita da reforma política é conversa fiada da pior qualidade. O assunto está em discussão há pelo menos duas décadas e não será agora que alguma mudança acontecerá. Quem está no poder não quer sair e muito menos deseja facilitar a vida de quem está louco para entrar.
Depois das fracassadas incursões de Dilma Rousseff na seara da reforma política, que se deu no vácuo dos protestos que ganharam as ruas do País, deputados e senadores decidiram encenar uma ópera bufa para ludibriar mais uma vez a opinião pública. A Câmara dos Deputados, por decisão de seu presidente, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), criou uma comissão especial para tratar do assunto, mas não se deve despejar esperanças nesse colegiado que servirá para criar uma espessa nuvem de fumaça.
Os primeiros sinais de que essa tal reforma política será um fracasso surgiram a reboque do desejo dos políticos de enfraquecer a Lei da Ficha Limpa e não dar importância aos que entregaram prestação de contas fora do prazo ou que foram rejeitadas.
Indicado para coordenar a comissão especial, o deputado federal Cândido Vacarezza (PT-SP), que goza de bom trânsito no PMDB e também na oposição, anunciou nesta quarta-feira (17) o lançamento de um portal na rede mundial de computadores para receber opiniões e sugestões dos brasileiros. Vaccarezza lembrou também que a comissão realizará encontros com diversos setores da sociedade, o que não significa que eventuais decisões atenderão às expectativas do povo brasileiro.
Para que não fique dúvidas a respeito da embromação que será essa anunciada e duvidosa reforma política, as novas regras só valerão a partir de 2018. Ou seja, até lá será possível enganar à vontade a opinião pública, como acontece nessa louca Terra de Macunaíma desde os idos de 1.500.

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segunda-feira, 15 de julho de 2013

FAB divulga na internet viagens de autoridades dentro e fora do país

É possível acessar dados de viagens realizadas a partir de 12 de julho.
No início do mês, parlamentares e ministro devolveram dinheiro por uso.


A Força Aérea Brasileira (FAB) passou a divulgar nesta segunda-feira (15) as informações relativas a voos em aeronaves da corporação, por meio do portal da Lei de Acesso à Informação. Qualquer cidadão poderá checar, por exemplo, o nome das autoridades que utilizarem o serviço, além do trajeto, da data e do horário dos voos, incluindo origem e destino, dentro e fora do Brasil.

As informações estão disponíveis desde as 18h desta segunda-feira no portal da instituição na internet (www.fab.mil.br/acessoainformacao). Só é possível, porém, acessar dados de viagens realizadas a partir de 12 de julho, segundo informou assessoria da Controladoria-Geral da União (CGU) – órgão responsável por gerir a Lei de Acesso a Informação.

É possível checar a autoridade atendida, trajeto, data horário de decolagem e pouso do voo, motivo da solicitação do serviço e total de passageiros previstos para embarque nas aeronaves com base em informação prestada pela autoridade solicitante do voo, de acordo com a CGU.
Entre os dias 11 e 13 de julho, por exemplo, é listada uma viagem que o ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, fez, a serviço, à Argentina, passando por Buenos Aires e Bariloche. O ministro esteve no país vizinho para discutir cooperações na área de energia nuclear e de monitoramento marítimo por satélite. Raupp também inaugurou, ao lado da presidente Cristina Kirchner, a terceira edição da Tecnópolis, feira de ciência e tecnologia na capital argentina.
No último domingo (14), a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, viajou às 8h de Brasília para Campinas com mais três passageiros por motivo de "emergência médica", conforme consta no portal. Ela retornou à capital federal no mesmo dia, às 19h20.

Por razões de segurança, de acordo com a FAB, as informações sobre os voos serão inseridas no portal até as 18h do primeiro dia útil seguinte ao término da viagem. “Nos casos em que a missão oficial for composta de mais de um trecho, a informação virá a público no primeiro dia útil após a conclusão do último trecho voado”, esclareceu a corporação.
A decisão de divulgar publicamente as informações acerca da utilização das aeronaves da FAB por autoridades foi tomada no último dia 5, de acordo com assessoria, pelos ministros da Defesa, Celso Amorim, e da CGU, Jorge Hage.

Autoridades devolveram dinheiro
No início deste mês, o jornal "Folha de S. Paulo" mostrou o uso de aviões da FAB pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e pelo ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves.
Garibaldi Alves usou um avião da FAB para ir a um evento oficial de inauguração de uma agência do INSS em Morada Nova (CE) no dia 28 de junho. De lá, seguiu para o Rio de Janeiro, onde assistiu à final da Copa das Confederações, entre Brasil e Espanha, no dia 30. Depois de o caso ter sido revelado, decidiu ressarcir os cofres públicos.
Já Renan Calheiros usou avião da FAB para ir a Porto Seguro a fim de participar, em Trancoso (BA), da festa de casamento de uma filha do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), líder do governo no Senado. Na ocasião, ele declarou que utiliza o avião como "um avião de representação" e que não iria ressarcir. Depois, voltou atrás, e disse que vai devolver R$ 32 mil.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, admitiu que viajou em avião da FAB de Natal para o Rio de Janeiro, onde participou, no dia 29 de junho, de encontro oficial com o prefeito da cidade, Eduardo Paes. Alves levou parentes e amigos no voo. No dia 30, eles assistiram ao jogo do Brasil contra a Espanha no Maracanã. O deputado disse que iria ressarcir os cofres públicos em R$ 9,7 mil.

Salário de deputado no Brasil é maior que no Japão, na Alemanha e no Canadá

Conforme levantamento realizado pela revista The Economist, referenciado pelo blog Achados Econômicos, o "salário básico" de parlamentares brasileiros é maior que em países ricos e desenvolvidos, como Japão, Alemanha e Canadá. Caso se considere proporcionalmente ao PIB (Produto Interno Bruto) per capita, isto é, pela "média" de renda dos cidadãos brasileiros, o salário dos parlamentares brasileiros superam o de 24 dos 29 países analisados.

Atualmente, os ganhos atingem, apenas em relação ao salário básico, US$157,6 mil por ano (13 vezes a média de renda dos brasileiros). 

Na França e na Suécia, o salário básico equivale a, no máximo, duas vezes o PIB per capita. Na Espanha e na Noruega, a remuneração é muito próxima do PIB per capita e, em outros países ricos, como Estados Unidos e Alemanha, o valor não chega a quatro vezes o PIB per capita. Na Espanha, o salário de um parlamentar corresponde a US$43,9 mil por ano.

No entanto, tal conta não corresponde, ainda, ao total de verbas destinadas aos parlamentares brasileiros. Há, ainda, verbas indenizatórias, verbas de gabinete ou cargos de confiança, cota parlamentar, plano de saúde ilimitado, passagens aéreas, auxílio-moradia, carro oficial, entre outros, chegando a atingir mais de R$140.000,00 por mês. Desse modo, somando-se os custos das casas legislativas, o Brasil "supera", em despesas, mesmo os colocados acima do mesmo em ranking de salários.

Qual é a sua opinião a respeito de tais despesas? São necessárias e convenientes para o conforto e a motivação de parlamentares, os quais desempenhariam função essencial ao país? São perdulárias ou até mesmo imorais, tendo em vista a desnecessidade, o excesso e a disparidade para com a renda média dos brasileiros? Tais despesas deveriam ser diminuídas, de forma a reverter as verbas remanescentes em benefícios para a população, como saúde e educação? Manifeste sua opinião e contribua para o diálogo democrático.


Com informações de UOL e Terra.

Fisco x Petrobras: Comissão da Câmara votará pedido de audiência para debater dívida

Fala que eu te escuto – A Comissão de Finanças e Tributação da Câmara votará, na quarta-feira (17), requerimento de audiência pública apresentado pelo deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) para debater a origem da dívida da Petrobras com a Receita Federal, no valor R$ 7,39 bilhões. O parlamentar quer ouvir o diretor financeiro da Petrobras, Almir Guilherme Barbassa, e o secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Freitas Barreto.
A dívida é relativa ao Imposto de Renda na fonte da petroleira sobre remessas efetuadas entre janeiro de 1999 e dezembro de 2009 para pagamento de frete de plataformas de exploração de petróleo. Em junho, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) suspendeu em caráter liminar a certidão negativa de débitos da Petrobras junto a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional por causa da dívida, o que impedia a empresa de realizar negócios. Horas depois, o ministro Benedito Gonçalves reviu a decisão até o julgamento final da ação pela Primeira Turma do STJ.
A dívida é cobrada pelo próprio governo e quando o caso foi relevado as ações da companhia caíram quase 4% na Bovespa. Para Jardim, o comparecimento do representante do Fisco e do diretor financeiro da Petrobras à audiência pública é fundamental para o esclarecimento da dívida que se arrasta desde 2001, ano em que a empresa foi autuada pela Receita Federal.
“É uma dívida bastante vultosa que pode afetar ainda mais os combalidos cofres da Petrobras. Estamos muito apreensivos com o desfecho deste caso. Afinal de contas, é o dinheiro dos investidores e da União que está envolvido nesta história”, alertou Arnaldo Jardim.
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Oposição intensifica coleta de assinaturas para instalar CPI do BNDES no Congresso Nacional

Verdade sobre a mesa – A oposição intensifica nesta semana a coleta de assinaturas para instalar no Congresso uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para grandes grupos empresariais. Somente para o grupo EBX, do empresário Eike Batista, a instituição financeira concedeu mais de R$ 10 bilhões em financiamentos. A operação provocou, até o momento, um prejuízo de R$ 462 milhões para o banco, que adquiriu ações do grupo que se encontra em dificuldades financeiras.
Proposta pelo PPS, Democratas e PSDB, a Comissão tem o objetivo de investigar não só as operações com as empresas de Eike, mas todos os contratos firmados nos últimos anos pelo BNDES. Reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, na edição desta segunda-feira (15), revela que o banco adiou prazos de pagamento às vésperas do vencimento de empréstimos e relaxou exigências técnicas para o EBX.
“Fica claro que o governo está usando o banco para beneficiar alguns grupos especialmente escolhidos pelos consultores de alto valor de mercado do PT. Queremos investigar não só o caso que envolve as empresas de Eike Batista, mas todos os contratos do BNDES. É muito dinheiro envolvido e há suspeitas de balanços maquiados”, alerta o líder do PPS, deputado federal Rubens Bueno (PR).
De acordo com o parlamentar, o caso do grupo EBX atinge diretamente a credibilidade do BNDES. “As denúncias de favorecimento colocam em risco a credibilidade do governo brasileiro perante o mundo”.
Para que a CPI seja instalada são necessárias assinaturas de 171 deputados e 27 senadores.
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sexta-feira, 12 de julho de 2013

PF diz que foi “espontâneo” o boato sobre o Bolsa Família, que Maria do Rosário creditou à oposição

Brincadeira tem hora – Definitivamente o Brasil é o país da piada pronta, como acertadamente afirma o jornalista José Simão, da “Folha de S. Paulo”. Depois de dois meses de investigação, a Polícia Federal informou nesta sexta-feira (12) que o boato sobre o fim do programa Bolsa Família, que levou milhares de beneficiários aos caixas eletrônicos em diversas cidades do País, foi “espontâneo”.
Trata-se de uma conclusão pífia, se considerada a gritaria de alguns integrantes do governo federal. A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, cometeu a irresponsabilidade de afirmar que o boato foi uma armação da oposição, interessada em desestabilizar o governo, como se Dilma Rousseff e seus comandados precisassem de ajuda para perpetuar o caos.
Fosse o Brasil um país minimamente sério, todos os que de forma irresponsável tentaram apontar um culpado pelo boato deveriam ser processados, pois só assim a soberba oficial seria reduzida.
Como chefe de um governo que é refém da incompetência da extensa maioria dos seus integrantes, a presidente Dilma Rousseff poderia ter um gesto de humildade e reconhecer que seus asseclas erraram diante da precipitação oportunista.
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quarta-feira, 10 de julho de 2013

Laços explosivos

Documentos secretos guardados
nos arquivos da Abin informam que
a narcoguerrilha colombiana Farc
deu 5 milhões de dólares a candidatos
petistas em 2002

Policarpo Junior

Scott Dalton/AP
 GUERRILHEIROS E TRAFICANTES
Fileiras das Farc: um controvertido amontoado de guerrilheiros, terroristas e narcotraficantes 

Nos arquivos da Agência Brasileira de Inteligência em Brasília há um conjunto de documentos cujo conteúdo é explosivo. Os papéis, guardados no centro de documentação da Abin, mostram ligações das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) com militantes petistas. O principal documento nos arquivos foi datado de 25 de abril de 2002, está catalogado com o número 0095/3100 e recebeu a classificação de "secreto". Em apenas uma folha e dividido em três parágrafos, esse documento informa que, no dia 13 de abril de 2002, um grupo de esquerdistas solidários com as Farc promoveu uma reunião político-festiva numa chácara nos arredores de Brasília. Na reunião, que teve a presença de cerca de trinta pessoas, durou mais de seis horas e acabou com um animado forró, o padre Olivério Medina, que atua como uma espécie de embaixador das Farc no Brasil, fez um anúncio pecuniário. Disse aos presentes que sua organização guerrilheira estava fazendo uma doação de 5 milhões de dólares para a campanha eleitoral de candidatos petistas de sua predileção. A notícia foi recebida com aplausos pela platéia. Faltavam então menos de seis meses para a eleição. Um agente da Abin, infiltrado na reunião, ouviu tudo, fez um informe a seus chefes, e assim chegou à Abin a primeira notícia de que as relações entre militantes esquerdistas, alguns deles petistas, e as Farc podem ter ultrapassado a mera simpatia ideológica e chegado ao pantanoso terreno financeiro.
Sob a condição de não reproduzi-los nas páginas da revista, VEJA teve acesso a seis documentos da pasta que trata das relações entre as Farc e petistas simpatizantes do movimento. Dos seis documentos, três fazem menção explícita à doação de 5 milhões de dólares. Num deles, está descrita a forma de pagamento: o dinheiro sairia de Trinidad e Tobago, um pequeno país do Caribe, e chegaria às mãos de cerca de 300 pequenos empresários brasileiros simpáticos ao PT, que, por sua vez, fariam contribuições aos comitês regionais do partido como se os recursos lhes pertencessem. Em outro documento, aparece a informação de que o acerto financeiro fora celebrado entre membros do PT e das Farc durante uma reunião realizada numa fazenda no Pantanal Mato-Grossense – e que os encontros de cúpula seriam articulados com a ajuda de Maria das Graças da Silva, uma funcionária da Câmara dos Deputados em Brasília que já militou no PC do B e seria amiga muito próxima do "comandante Maurício", apontado como a maior autoridade das Farc no Brasil. Ao contrário da doação financeira e do mecanismo do pagamento, que são descritos em detalhes nos documentos da Abin, a menção à reunião no Pantanal aparece seca e sem detalhes.
Cristiano Mariz
 ARQUIVOS VIVOS
Na Abin, em Brasília, há pelo menos três documentos falando da milionária doação das Farc


"Conheço ele, sim, mas e daí? Não articulei encontro nenhum", garante a funcionária Maria das Graças, que diz ignorar qualquer reunião no Pantanal. Nas últimas cinco semanas, VEJA investigou a veracidade das informações arquivadas na sede da Abin. Será que houve mesmo um encontro numa chácara em Brasília? O encontro teve a presença de representantes das Farc? Falou-se ali na doação de 5 milhões de dólares? Para responder a essas perguntas, VEJA localizou o agente da Abin que se infiltrou na reunião das Farc e ouviu outros dois funcionários da agência que tiveram contato com a investigação, além de procurar os esquerdistas que foram ao encontro. A apuração comprovou a reunião, o local, a data e os personagens. Só não encontrou indícios suficientemente sólidos de que os 5 milhões de dólares tenham realmente saído das Farc e chegado aos cofres do PT. A doação financeira é dada como realizada pelos documentos da Abin, mas a investigação de VEJA não avançou um milímetro nesse particular. Pode ter sido apenas uma bravata do padre Olivério Medina, codinome de Francisco Antônio Cadenas Colazzos, para alegrar seus convivas esquerdistas? Pode. Além da convocação manifestada nos documentos da Abin, a revista não encontrou elementos consistentes para que se faça uma afirmação sobre esse aspecto.
Os contatos políticos entre petistas e guerrilheiros das Farc são antigos. Começaram em 1990, quando o PT realizou um debate com partidos políticos e organizações sociais da América Latina e do Caribe para discutir os efeitos da queda do Muro de Berlim. De lá para cá, as relações se intensificaram, principalmente por meio das correntes esquerdistas do PT, como a Democracia Socialista, cuja estrela mais conhecida é o ministro Miguel Rossetto, do Desenvolvimento Agrário. Mesmo os quadros mais moderados do PT demonstram uma certa simpatia pelas Farc. Como instituição, porém, o partido há muito tempo quer distância das Farc. "A guerrilha representa tudo o que nós abominamos em termos de política. Não se pode esquecer que o PT já nasceu em oposição à luta armada. O governo do presidente Lula tem as melhores relações com o governo constituído da Colômbia e apóia o presidente Álvaro Uribe", diz o senador Aloizio Mercadante. E completa: "Se essa doação existiu, o que não acredito, ela não foi feita ao PT, mas a indivíduos que se dizem ligados ao partido. Se eles forem identificados e forem do partido, serão expulsos".

"Conheço ele, sim, mas e daí? Não articulei encontro nenhum", garante a funcionária Maria das Graças, que diz ignorar qualquer reunião no Pantanal. Nas últimas cinco semanas, VEJA investigou a veracidade das informações arquivadas na sede da Abin. Será que houve mesmo um encontro numa chácara em Brasília? O encontro teve a presença de representantes das Farc? Falou-se ali na doação de 5 milhões de dólares? Para responder a essas perguntas, VEJA localizou o agente da Abin que se infiltrou na reunião das Farc e ouviu outros dois funcionários da agência que tiveram contato com a investigação, além de procurar os esquerdistas que foram ao encontro. A apuração comprovou a reunião, o local, a data e os personagens. Só não encontrou indícios suficientemente sólidos de que os 5 milhões de dólares tenham realmente saído das Farc e chegado aos cofres do PT. A doação financeira é dada como realizada pelos documentos da Abin, mas a investigação de VEJA não avançou um milímetro nesse particular. Pode ter sido apenas uma bravata do padre Olivério Medina, codinome de Francisco Antônio Cadenas Colazzos, para alegrar seus convivas esquerdistas? Pode. Além da convocação manifestada nos documentos da Abin, a revista não encontrou elementos consistentes para que se faça uma afirmação sobre esse aspecto.
Os contatos políticos entre petistas e guerrilheiros das Farc são antigos. Começaram em 1990, quando o PT realizou um debate com partidos políticos e organizações sociais da América Latina e do Caribe para discutir os efeitos da queda do Muro de Berlim. De lá para cá, as relações se intensificaram, principalmente por meio das correntes esquerdistas do PT, como a Democracia Socialista, cuja estrela mais conhecida é o ministro Miguel Rossetto, do Desenvolvimento Agrário. Mesmo os quadros mais moderados do PT demonstram uma certa simpatia pelas Farc. Como instituição, porém, o partido há muito tempo quer distância das Farc. "A guerrilha representa tudo o que nós abominamos em termos de política. Não se pode esquecer que o PT já nasceu em oposição à luta armada. O governo do presidente Lula tem as melhores relações com o governo constituído da Colômbia e apóia o presidente Álvaro Uribe", diz o senador Aloizio Mercadante. E completa: "Se essa doação existiu, o que não acredito, ela não foi feita ao PT, mas a indivíduos que se dizem ligados ao partido. Se eles forem identificados e forem do partido, serão expulsos".
 











 DEBAIXO DAS ÁRVORES
O padre Olivério Medina, que atua como "embaixador" das Farc no Brasil, e a chácara onde foi realizada a reunião: na rua, para evitar grampo


Em virtude do passado de companheirismo com as Farc, a cúpula do PT, ainda antes das eleições presidenciais de 2002, sentiu que seria adequado tranqüilizar o governo da Colômbia em relação a uma possível eleição de Lula. O hoje ministro José Dirceu, da Casa Civil, procurou a embaixadora colombiana em Brasília para avisar que, se Lula fosse eleito, a política de seu governo em relação às Farc seria a do Estado brasileiro – e não a da ala esquerda do PT. A palavra tem sido cumprida, embora o governo brasileiro insista em considerar oficialmente as Farc como um grupo guerrilheiro – e legítimo, portanto –, recusando-se a reconhecer o que elas realmente são. Ou seja: um conluio oportunista de guerrilheiros, terroristas e narcotraficantes.
Considerando-se o currículo das Farc, a história também faz sentido lógico. Fundadas na década de 60, as Farc começaram a se envolver com o tráfico na década de 90, quando os maiores traficantes colombianos passaram a remunerar os guerrilheiros em troca de segurança armada para os plantadores de coca (veja reportagem). Com o envolvimento direto com o tráfico, a organização acabou tornando-se financeiramente poderosa. Sabe-se que os cartéis colombianos da cocaína usam as ilhas de Trinidad e Tobago como um entreposto, estocando ali a droga que embarcam para a Europa. Por coincidência, é de Trinidad e Tobago que o dinheiro das Farc sairia para entrar nos cofres dos candidatos esquerdistas, conforme mostram os documentos arquivados na Abin. Apesar da verossimilhança e da aparência lógica do esquema, é vital ressaltar que, fora os registos feitos pelos espiões da Abin, não foram encontradas evidências sólidas da ajuda financeira da guerrilha da Colômbia. O padre Olivério Medina, representante das Farc no Brasil, nega. "Não houve essa ajuda financeira", disse ele a VEJA, falando de um telefone público em Brasília e encerrando o assunto sob a alegação de que, como estrangeiro, não poderia falar sobre política.
 O PROCESSO E O SILÊNCIO
O deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, há dois anos, procurou o deputado Fraga, falou do risco de processo, e não tocou mais no assunto


O secretário de Relações Internacionais do PT, Paulo Ferreira, encarregado dos contatos do partido com o exterior, garante que as relações petistas com a guerrilha colombiana não são amistosas. "Ao contrário. Hoje, nós temos conquistado o ódio das Farc", diz. Uma das razões é o fato de que o PT aprovou uma recomendação para que as Farc sejam barradas nos foros internacionais de discussão sobre assuntos da América Latina. "Não há interesse em manter relações com um grupo belicista que, entre outras coisas, usa métodos como o seqüestro de civis", afirma Ferreira. A posição do secretário de Relações Internacionais do PT, no entanto, não é a unanimidade do partido. Em Brasília, por exemplo, o comitê que apóia ações das Farc é integrado e dirigido por militantes do PT. "Essas ligações existem à revelia do partido. Posso dizer que são até criminosas", afirma Ferreira. Para ele, as ligações entre PT e Farc descritas nos relatórios da Abin, se existiram tal como informaram os agentes de inteligência, foram "clandestinas".
A reunião na chácara em Brasília foi uma mistura de encontro político com festa de amigos. A chácara chama-se Coração Vermelho, pertence ao sindicalista Antônio Francisco do Carmo e fica a 40 quilômetros de Brasília. O encontro começou às 11 da manhã e terminou no início da noite. Aconteceu em torno de uma mesa debaixo de árvores, para evitar que um grampo clandestino pudesse captar as conversas. No início, com todos de pé, abriu-se uma bandeira das Farc e cantou-se o hino da guerrilha. Para entrar na chácara, os participantes tinham uma senha: bater com a mão espalmada no peito. Ao meio-dia, serviu-se um churrasco, com arroz e vinagrete, cerveja e refrigerante. Um dos presentes era o vereador Leopoldo Paulino, secretário de Esportes do então prefeito de Ribeirão Preto, o hoje ministro Antonio Palocci. Pouco antes, Paulino fundara o primeiro comitê de apoio às Farc no Brasil, em Ribeirão Preto. Na chácara, exibiu-se um vídeo com a inauguração do comitê, e Paulino explicou seu funcionamento. "Não temos presidente ou diretor. Somos todos guerrilheiros ou não somos. Se somos, então todos fazem parte da luta", disse ele, conforme o relato transcrito pelo agente infiltrado da Abin. Foi aplaudido pelos presentes.
 ELE TAMBÉM ESTAVA LÁ
Antônio Viana, militante de esquerda que esteve na reunião da chácara: falou-se de tudo, menos de dinheiro

A VEJA, o vereador Leopoldo Paulino, que foi guerrilheiro da Ação Libertadora Nacional (ALN) e hoje é filiado ao PSB, negou que tenha participado de qualquer reunião na chácara Coração Vermelho. Outro que esteve presente, porém, o bancário Antônio Carlos Viana, um aguerrido militante comunista, confirmou a VEJA que a reunião foi feita, que o assunto era o apoio às Farc, mas disse que ninguém falou em dólares. "Só defendemos que as Farc sejam reconhecidas como força beligerante", diz ele, que trabalha no departamento de tecnologia do Banco do Brasil. O dono da chácara, o sindicalista Antônio Francisco do Carmo, militante do velho PCB, também confirma que, em várias ocasiões, cedeu sua propriedade para encontros em que o padre Olivério Medina esteve presente. Ele ressalta, no entanto, que eram encontros festivos, e não reuniões de caráter político, nas quais nunca se mencionou financiamento da guerrilha colombiana para o PT. "Sou amigo do padre e ele já almoçou e jantou várias vezes na minha chácara", diz. É certo que a reunião na chácara, até pela baixa estatura hierárquica de seus participantes, não tomou nenhuma decisão sobre Farc, PT ou milhões de dólares.
Na chácara, a doação do dinheiro veio à tona, talvez acidentalmente, e acabou captada por um agente da Abin. O general Alberto Cardoso, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo tucano e da Abin, soube da reunião na Coração Vermelho com antecedência e até abortou uma operação policial que planejava invadir a chácara e prender todos os participantes. O general preferiu deixar a reunião acontecer e manter o monitoramento por meio do agente infiltrado. Com isso, conseguiu pescar uma informação valiosa: o espião da Abin gravou a reunião e, na fita cassete, que também se encontra nos arquivos da agência, o padre Olivério Medina pode ser ouvido fazendo o anúncio da doação financeira aos petistas. Depois do anúncio, numa conversa com um grupo reduzido, o padre relatou como o dinheiro entraria no Brasil. Contou que sairia de Trinidad e Tobago, passaria pelos 300 pequenos empresários e chegaria a comitês regionais petistas.
Os documentos arquivados na Abin, sucessora do velho SNI do regime militar, são célebres por seus erros e equívocos, motivados em geral pela paranóia anticomunista de seus agentes na época da ditadura. Os papéis que relatam a transação em que as Farc prometem ajuda financeira a candidatos esquerdistas no Brasil também não são imunes a erros. A trajetória dos papéis na hierarquia do serviço de inteligência sugere, porém, que as informações partiram de um espião experiente que gozava da confiança de seus superiores. Os documentos mostram que as informações ali contidas foram checadas com afinco. Um relatório elaborado por um agente de base costuma ser examinado por um analista, que avalia, reúne, compara informações e sistematiza-as de acordo com o objetivo de cada missão – ou manda tudo para o lixo. O segundo filtro sobre a qualidade de uma informação é feito por um diretor de departamento, que recebe informações de outros setores e, em tese, está mais bem equipado para avaliar o conjunto das informações. Depois, tudo ainda vai ao diretor-geral da agência, que avalia se o assunto é ou não relevante e se deve ou não ser levado ao conhecimento do presidente da República. O documento 0095/3100, de 25 de abril de 2002, o principal entre todos os que narram as ligações entre militantes petistas e as Farc, passou por todas essas etapas e acabou com um carimbo de "secreto". Isso significa que suas informações eram críveis e seu conteúdo tinha consistência suficiente para ser levado ao conhecimento do presidente da República.
A primeira suspeita da generosidade financeira das Farc com esquerdistas brasileiros apareceu há dois anos, quando o deputado Alberto Fraga, hoje filiado ao PTB, contou que agentes da Abin lhe narraram a história. O deputado fez um discurso-denúncia sobre o assunto na tribuna da Câmara e tentou em vão abrir uma CPI. Não conseguiu recolher o número necessário de assinaturas de deputados. Sua denúncia não recebeu muito crédito, mas o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, do PT paulista, procurou-o. Disse que estava incumbido pelo governo de processar Fraga e queria saber se o deputado tinha provas da denúncia que fizera. Fraga blefou. "Eu disse que podia até apresentar testemunhas em juízo." Diante disso, Greenhalgh nunca mais tocou no assunto, segundo Fraga. "Eu só falei para que ele tomasse cuidado com aquela história. Disse que ele poderia acabar sendo processado porque a história não era verdadeira", desmente Greenhalgh. "Eu não estava falando em nome do governo." Quando Fraga fez a denúncia, a Abin chegou a abrir uma investigação interna para descobrir quem era o responsável pelo vazamento. A apuração encontrou um responsável. O resultado está arquivado no Departamento de Inteligência.
As suspeitas em torno de ligações do PT com as Farc costumam servir para manipulações políticas, com o objetivo de envolver o partido com um grupo terrorista. Na campanha presidencial em 2002, por exemplo, o programa eleitoral do então candidato tucano, José Serra, chegou a perder preciosos minutos em direito de resposta por ter veiculado a acusação segundo a qual o PT teria ligações clandestinas com as Farc. O fato que agora vem a público, porém, está despido de motivações políticas – foi apurado por uma agência oficial, ficou nos arquivos e, hoje, tais arquivos estão sob o comando do investigado. Na quarta-feira passada, VEJA pediu esclarecimentos ao Gabinete de Segurança Institucional, abaixo do qual fica a Abin. Recebeu a resposta oficial na sexta-feira. Ei-la: "O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República informa que não vai se pronunciar a respeito". Quatro horas depois, o GSI emitiu outra resposta. Dizia com um tortuoso malabarismo verbal que a Abin investigou as Farc – o que, no fundo, não quer dizer nada. Seria uma investigação histórica medir a dimensão dos tentáculos das Farc no Brasil e o nível hierárquico em que eles chegaram a penetrar no partido que detém o Poder Executivo.

A VEJA, o vereador Leopoldo Paulino, que foi guerrilheiro da Ação Libertadora Nacional (ALN) e hoje é filiado ao PSB, negou que tenha participado de qualquer reunião na chácara Coração Vermelho. Outro que esteve presente, porém, o bancário Antônio Carlos Viana, um aguerrido militante comunista, confirmou a VEJA que a reunião foi feita, que o assunto era o apoio às Farc, mas disse que ninguém falou em dólares. "Só defendemos que as Farc sejam reconhecidas como força beligerante", diz ele, que trabalha no departamento de tecnologia do Banco do Brasil. O dono da chácara, o sindicalista Antônio Francisco do Carmo, militante do velho PCB, também confirma que, em várias ocasiões, cedeu sua propriedade para encontros em que o padre Olivério Medina esteve presente. Ele ressalta, no entanto, que eram encontros festivos, e não reuniões de caráter político, nas quais nunca se mencionou financiamento da guerrilha colombiana para o PT. "Sou amigo do padre e ele já almoçou e jantou várias vezes na minha chácara", diz. É certo que a reunião na chácara, até pela baixa estatura hierárquica de seus participantes, não tomou nenhuma decisão sobre Farc, PT ou milhões de dólares.
Na chácara, a doação do dinheiro veio à tona, talvez acidentalmente, e acabou captada por um agente da Abin. O general Alberto Cardoso, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo tucano e da Abin, soube da reunião na Coração Vermelho com antecedência e até abortou uma operação policial que planejava invadir a chácara e prender todos os participantes. O general preferiu deixar a reunião acontecer e manter o monitoramento por meio do agente infiltrado. Com isso, conseguiu pescar uma informação valiosa: o espião da Abin gravou a reunião e, na fita cassete, que também se encontra nos arquivos da agência, o padre Olivério Medina pode ser ouvido fazendo o anúncio da doação financeira aos petistas. Depois do anúncio, numa conversa com um grupo reduzido, o padre relatou como o dinheiro entraria no Brasil. Contou que sairia de Trinidad e Tobago, passaria pelos 300 pequenos empresários e chegaria a comitês regionais petistas.
Os documentos arquivados na Abin, sucessora do velho SNI do regime militar, são célebres por seus erros e equívocos, motivados em geral pela paranóia anticomunista de seus agentes na época da ditadura. Os papéis que relatam a transação em que as Farc prometem ajuda financeira a candidatos esquerdistas no Brasil também não são imunes a erros. A trajetória dos papéis na hierarquia do serviço de inteligência sugere, porém, que as informações partiram de um espião experiente que gozava da confiança de seus superiores. Os documentos mostram que as informações ali contidas foram checadas com afinco. Um relatório elaborado por um agente de base costuma ser examinado por um analista, que avalia, reúne, compara informações e sistematiza-as de acordo com o objetivo de cada missão – ou manda tudo para o lixo. O segundo filtro sobre a qualidade de uma informação é feito por um diretor de departamento, que recebe informações de outros setores e, em tese, está mais bem equipado para avaliar o conjunto das informações. Depois, tudo ainda vai ao diretor-geral da agência, que avalia se o assunto é ou não relevante e se deve ou não ser levado ao conhecimento do presidente da República. O documento 0095/3100, de 25 de abril de 2002, o principal entre todos os que narram as ligações entre militantes petistas e as Farc, passou por todas essas etapas e acabou com um carimbo de "secreto". Isso significa que suas informações eram críveis e seu conteúdo tinha consistência suficiente para ser levado ao conhecimento do presidente da República.
A primeira suspeita da generosidade financeira das Farc com esquerdistas brasileiros apareceu há dois anos, quando o deputado Alberto Fraga, hoje filiado ao PTB, contou que agentes da Abin lhe narraram a história. O deputado fez um discurso-denúncia sobre o assunto na tribuna da Câmara e tentou em vão abrir uma CPI. Não conseguiu recolher o número necessário de assinaturas de deputados. Sua denúncia não recebeu muito crédito, mas o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, do PT paulista, procurou-o. Disse que estava incumbido pelo governo de processar Fraga e queria saber se o deputado tinha provas da denúncia que fizera. Fraga blefou. "Eu disse que podia até apresentar testemunhas em juízo." Diante disso, Greenhalgh nunca mais tocou no assunto, segundo Fraga. "Eu só falei para que ele tomasse cuidado com aquela história. Disse que ele poderia acabar sendo processado porque a história não era verdadeira", desmente Greenhalgh. "Eu não estava falando em nome do governo." Quando Fraga fez a denúncia, a Abin chegou a abrir uma investigação interna para descobrir quem era o responsável pelo vazamento. A apuração encontrou um responsável. O resultado está arquivado no Departamento de Inteligência.
As suspeitas em torno de ligações do PT com as Farc costumam servir para manipulações políticas, com o objetivo de envolver o partido com um grupo terrorista. Na campanha presidencial em 2002, por exemplo, o programa eleitoral do então candidato tucano, José Serra, chegou a perder preciosos minutos em direito de resposta por ter veiculado a acusação segundo a qual o PT teria ligações clandestinas com as Farc. O fato que agora vem a público, porém, está despido de motivações políticas – foi apurado por uma agência oficial, ficou nos arquivos e, hoje, tais arquivos estão sob o comando do investigado. Na quarta-feira passada, VEJA pediu esclarecimentos ao Gabinete de Segurança Institucional, abaixo do qual fica a Abin. Recebeu a resposta oficial na sexta-feira. Ei-la: "O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República informa que não vai se pronunciar a respeito". Quatro horas depois, o GSI emitiu outra resposta. Dizia com um tortuoso malabarismo verbal que a Abin investigou as Farc – o que, no fundo, não quer dizer nada. Seria uma investigação histórica medir a dimensão dos tentáculos das Farc no Brasil e o nível hierárquico em que eles chegaram a penetrar no partido que detém o Poder Executivo.