Face lenhosa – Quando noticiou com exclusividade que as empreiteiras
envolvidas no “Petrolão” levariam às autoridades a tese da leniência, o UCHO.INFO
afirmou, sem medo de errar, que a estratégia fracassaria de forma
solene. Isso porque os investigadores da Operação Lava-Jato têm mãos
muito mais provas do que os executivos das empresas imaginam. E de fato
fracassou. Essa manobra surgiu depois de alguns alarifes de plantão
tentarem tirar do juiz federal Sérgio Fernando Moro o comando dos
processos decorrentes da operação da Polícia Federal.
Atolados no maior escândalo de corrupção da história nacional, na
condição de protagonistas, as empreiteiras não apenas se preocupam com
seus executivos, presos na Operação Juízo Final, sétima etapa da
Lava-Jato, mas com a continuidade dos respectivos negócios, fortemente
abalados pelo imbróglio. Com base nesse propósito, as empreiteiras, por
meio dos advogados dos executivos presos, passaram a adotar a tese
absurda de que foram vítimas de extorsão, assunto que mereceu matéria do
UCHO.INFO na edição de quarta-feira (19).
Beira a irresponsabilidade afirmar que diretores de grandes empresas
da construção pesada se renderam à extorsão praticada por criminosos que
faziam girar, dentro da Petrobras, um carrossel bilionário de
corrupção. Extorsão é crime e como tal deve ser prontamente denunciada
às autoridades policiais para que os marginais sejam presos em
flagrante. Contratados a peso de ouro pelas empreiteiras e por seus
diretores, os mais badalados criminalistas do País agora se dedicam a
declarações estapafúrdias.
Só se rende ao crime de extorsão – e com ele consente – quem está
disposto a fazer parte da quadrilha, o que significa ganhar rios de
dinheiro. A tese pífia da extorsão foi lançada pelo
vice-presidente-executivo da construtora Mendes Junior, Sérgio Cunha
Mendes, preso na Operação Juízo Final. Cunha Mendes disse em seu
depoimento aos policiais federais que aceitou pagar propina de R$ 8
milhões, em quatro parcelas, para conseguir um contrato com a Petrobras.
A falsidade dessa declaração ergue-se a partir de um detalhe: a propina
foi paga em quatro parcelas consecutivas e de igual valor a Paulo
Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, e ao doleiro
Alberto Youssef.
Sérgio Cunha Mendes pode dizer o que quiser, até porque em tese o
Brasil ainda é uma democracia, mas o executivo não pode querer que os
brasileiros acreditem em tamanha sandice. Afinal, sabe-se, não é de
hoje, que durante décadas as empreiteiras foram – e ainda são – a mola
propulsora da corrupção no País, que anualmente arranca dos bolsos dos
brasileiros a bagatela de R$ 80 bilhões.
A mais nova empreitada dos advogados que atuam na Operação Lava-Jato é
“vender” ao Supremo Tribunal Federal a ideia absurda de que o caso deve
sair de Paraná. Na opinião dos criminalistas que defendem executivos da
Engevix, o competente e corajoso juiz federal Sérgio Moro usurpou da
competência do STF ao ocultar no bojo do processo os crimes relacionados
aos deputados federais André Vargas e Luiz Argôlo.
Como tem afirmado reiteradas vezes o UCHO.INFO, o
advogado tem o dever profissional defender o cliente, desde que para
tanto não ultraje a coerência e o bom senso jurídico. As denúncias que
deram origem à Lava-Jato, feitas pelo empresário Hermes Magnus e pelo
editor do site, tinham como base os crimes cometidos em Londrina pela
quadrilha comandada pelo então deputado federal José Janene (PP-PR), já
falecido, cujo braço direito no universo dos desmandos era ninguém menos
que Alberto Youssef, seu compadre. Portanto, as investigações e os
processos da Operação Lava-Jato ocorrem adequada e legalmente e devem
permanecer no Paraná.
Que a situação dos envolvidos no esquema criminoso conhecido como
“Petrolão” é difícil todos sabem, mas não se pode aceitar passivamente
que advogados recorram ao absurdo para justificar os estratosféricos
honorários cobrados dos criminosos. Os criminalistas que ora defendem os
executivos da Engevix deveriam se preocupar com os desdobramentos do
caso, uma vez que há muito mais escândalos na fila de espera. Se dúvidas
a respeito persistirem, que esses advogados perguntem a Silas Rondeau,
Erenice Guerra e outros tantos frequentadores das coxias do poder.
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