Mãos ao alto – Em seu mais recente pronunciamento à nação, na última
sexta-feira (21), quando tentou colocar água fria na fervura da crise, a
presidente Dilma Rousseff garantiu que não há dinheiro público nas
obras para a Copa do Mundo de 2014, em especial na construção de
estádios.
De acordo com a presidente, os estádios foram construídos pela
iniciativa privada e por governos estaduais, com a ajuda de empréstimos
concedidos pelo BNDES, os quais em tese serão pagos com juros e correção
monetária.
Para derrubar a afirmação de Dilma Rousseff, que serviu para
ludibriar a voz dos manifestantes que tomaram as ruas e avenidas de
muitas cidades brasileiras, os estádios Jornalista Mário Filho
(Maracanã), no Rio de Janeiro, e Mané Garrincha, em Brasília, são dois
exemplos de arenas erguidas com o suado dinheiro do contribuinte. Os
dois estádios consumiram, juntos, R$ 2,9 bilhões do dinheiro público. A
previsão inicial para a construção e reforma das arenas esportivas nas
seis cidades-sedes da Copa das Confederações era de R$ 3,4 bilhões, mas a
conta ultrapassou, por enquanto, a marca de R$ 5,4 bilhões.
Considerando a previsão inicial, os estádios Mané Garrincha e
Maracanã consumiram 85% do orçamento total para a Copa das
Confederações. Com a elevação das contas, as duas arenas foram
responsáveis por 53,7% do montante gasto até agora com os seis estádios.
Com orçamento inicial de R$ 745 milhões, o Estádio Mané Garrincha
custou R$ 1,4 bilhão, mas há quem garanta que a conta final deve chegar a
R$ 1,7 bilhão. Já o Estádio Jornalista Mário Filho, o agora
descaracterizado Maracanã, tinha orçamento inicial de R$ 650 milhões,
mas a calculadora da corrupção puxou o custo para R$ 1,2 bilhão.
No caso dos estádios erguidos com empréstimos do BNDES, o dinheiro do
trabalhador está financiando empreendimentos absolutamente
desnecessários, alguns dos quais verdadeiros “elefantes brancos”. Nos
bastidores da iniciativa privada comenta-se que uma arena multiuso, como
as construídas para a Copa do Mundo, que custar mais do que R$ 400
milhões é inviável economicamente.
A prova maior está no Maracanã, que passou para as mãos da iniciativa
privada em leilão que rendeu menos de R$ 200 milhões, aproximadamente
16% do valor gasto na reforma. Em países considerados sérios, onde a
legislação é cumprida à risca, a epopeia brasileira da Copa do Mundo já
teria garantido a alguns alarifes o direito de contemplar o raiar do
astro-rei de forma geometricamente distinta.
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