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terça-feira, 13 de maio de 2014

A depender da finalização de alguns estádios, Copa pode ser uma ode à improvisação e ao fiasco

(Fernando Gomes – RBS)
 Contra o relógio – Em 30 de outubro de 2007, minutos depois do anúncio da FIFA de que o Brasil sediaria a Copa do Mundo de 2014, o ucho.info afirmou que a decisão foi um equívoco da entidade máxima do futebol planetário e uma irresponsabilidade do governo do então presidente Lula. Por questões óbvias, o site e seu editor foram alvo de críticas e xingamentos, mas era preciso dar tempo ao tempo, pois este é o senhor da razão.
Que o Brasil não tinha condições – e ainda não tem – de realizar a Copa e que o País não precisava desse evento todos acabaram descobrindo tarde demais, mas a lambança está feita e a ordem do momento é esperar a competição passar para ver o que há de acontecer.
O cronograma das obras está escandalosamente atrasado, a ponto de que algumas delas só serão finalizadas após a Copa. O pior nesse caótico cenário é que faltando um mês para o jogo de abertura, marcado para 12 de junho, alguns estádios ainda estão por acabar. No palco de abertura da Copa, o Itaquerão (foto abaixo), em São Paulo, a montagem das arquibancadas provisórias, que custarão ao Corinthians a bagatela de R$ 40 milhões, será finalizada quase em cima da hora. O que impedirá a realização de testes de segurança antes do jogo de abertura. Resta saber se o Corpo de Bombeiros liberará o estádio mesmo sem esse importante teste.
(Marcelo Justo – Folhapress)
Situação semelhante acontece no Estádio José Pinheiro Borda, o Gigante da Beira-Rio, em Porto Alegre. De propriedade do S.C. Internacional, o velho Beira-Rio foi demolido antes da assinatura do contrato para a construção da nova arena. Isso fez com que o entulho produzido pela demolição ficasse abandonado no local onde surgiu o novo estádio.
A demora para a retirada do entulho está preocupando as autoridades gaúchas, pois no local existem pedras, pedaços de madeiras e outros objetos que poderão ser utilizados por manifestantes que prometem protestar durante a Copa do Mundo em todas as cidades-sede. Em eventuais manifestações na capital gaúcha, nas proximidades do Beira-Rio, o entulho será transformado em arma.
(Fernando Gomes – RBS)

No local onde encontra-se o material oriundo da demolição do velho Beira-Rio será construído um estacionamento, de acordo com o projeto original. A grande questão é que até esta terça-feira (13) ninguém assumiu a responsabilidade pela retirada do entulho, operação que deve consumir uma boa quantidade de dinheiro, de acordo com o que apurou o ucho.info, pois será necessária um frota de caminhões para levar o material para outro local.
A construtora Andrade Gutierrez, responsável pela obra, até agora não quis assumir o ônus da empreitada. A diretoria do Internacional, por sua vez, finge ignorar o assunto, como se a Copa do Mundo não estivesse batendo à porta. O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), tem cobrado o Colorado e a empreiteira, mas até então só conseguiu contemplar um jogo de empurra. Há nesse imbróglio um detalhe que os envolvidos na construção do novo Beira-Rio não estão considerando: o estádio deverá ser entregue oficialmente à FIFA até 22 de maio, quando toda a obra deverá estar concluída, pelo menos em tese.
(Fernando Gomes – RBS)


Link para esta matéria: http://ucho.info/?p=81510
 

terça-feira, 9 de julho de 2013

Gastos com diárias aumentam R$ 12,7 milhões durante Copa das Confederações

Marina Dutra
Do Contas Abertas
Em junho, mês que o país sediou a Copa das Confederações, a União pagou R$ 115,3 milhões em diárias para servidores civis e militares. O valor é 12% maior que o desembolsado no mesmo período de 2012, quando R$ 102 milhões foram pagos.
O aumento pode ser atribuído em parte à realização da Copa, uma vez que um decreto presidencial, publicado no dia 14 de junho, dobrou os valores das diárias concedidas para deslocamentos de servidores e militares, para as localidades onde foram realizadas as partidas, durante o período dos jogos.
Para se ter uma ideia, dos R$ 31,2 milhões pagos aos servidores do Ministério da Justiça em diárias no mês de junho, R$ 22,3 milhões foram para arcar despesas relacionadas à Copa das Confederações, principalmente com segurança. O Ministério da Justiça é o órgão que mais pagou diárias referentes ao evento.
 Do total pago pelo Ministério, R$ 1 milhão foi destinado ao pagamento de diárias para os servidores da 7ª Superintendência Regional da Polícia Rodoviária Federal do Paraná, que foram convocados para o evento. O mesmo valor foi pago aos servidores da 6ª Superintendência Regional da Polícia Rodoviária Federal de São Paulo, que também participaram da das atividades operacionais e de apoio logístico da Copa das Confederações. Além dos valores desembolsados pelas Superintendências Regionais da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o Departamento de Polícia Rodoviária Federal gastou R$ 538,3 mil em diárias para a Copa.
O Ministério da Fazenda gastou R$ 122 mil com o pagamento das diárias. Do valor, R$ 47 mil foram destinados para arcar com despesas de deslocamento dos servidores da Delegacia da Receita Federal de Natal que participaram de ações no Aeroporto de Recife.  Funcionários das Delegacias da Receita Federal de Campos Goytacazes (RJ), São Luís (MA), São José dos Campos (SP), Santa Maria (RS), Jundiaí (SP) e Imperatriz (MA) também receberam diárias por participarem da Copa das Confederações.
Já o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação desembolsou R$ 72 mil em diárias. O total foi destinado a Comissão Nacional de Energia Nucelar, para os servidores da área técnica que deram apoio a segurança na abertura dos jogos, em Brasília. A Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, criada para gerenciar as ações de segurança dos grandes eventos que serão sediados em nosso país nos próximos anos, pagou R$ 268,8 mil em diárias aos funcionários.
A Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990, garante, aos servidores públicos que efetuam deslocamentos em razão do interesse público, o direito ao recebimento de diárias e passagens. A diária é a verba concedida para pagamento de despesas como alimentação, estadia e deslocamento que o servidor realizar em razão da viagem a trabalho. Esses benefícios também se estendem aos colaboradores eventuais, que viajam para participar de eventos ou desenvolver atividade no interesse da Administração Pública.

sábado, 6 de julho de 2013

Veja lista de parlamentares contra CPI para investigar corrupção na Copa

Figura da campanha. Imagem: Divulgação

O deputado federal Izalci, do Distrito Federal, elaborou uma proposta de instauração de uma CPI - Comissão Parlamentar de Inquérito - para investigar irregularidades nas obras da Copa do Mundo.

Segundo denúncias do jornal Diário do Poder - leia matéria clicando aqui -, a Presidente da República, Dilma Rousseff, estaria articulando a base aliada para "boicotar" a edificação da CPI, temendo que isso implique danos à sua imagem.

Neste contexto, divulgou-se uma lista de deputados e senadores que votaram a favor da instauração da CPI - marcados como "SIM" - e parlamentares que não votaram - marcados como "NÃO", de modo a informar a população e pressionar representantes para que apoiem a investigação de irregularidades na Copa do Mundo, classificada pelo deputado Romário como "possivelmente o maior roubo da história do país".

Desse modo, a população estaria ciente daqueles que são "contra" a CPI, tendo em vista que não a apoiam, e aqueles que são a favor. Desse modo, por meio da pressão do eleitorado, entendeu o autor da campanha que, talvez, seja possível angariar apoio.
 

folhapolitica.org

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Estádios da Copa das Confederações ultrapassaram o orçamento inicial em incríveis R$ 2 bilhões

Mãos ao alto – Em seu mais recente pronunciamento à nação, na última sexta-feira (21), quando tentou colocar água fria na fervura da crise, a presidente Dilma Rousseff garantiu que não há dinheiro público nas obras para a Copa do Mundo de 2014, em especial na construção de estádios.
De acordo com a presidente, os estádios foram construídos pela iniciativa privada e por governos estaduais, com a ajuda de empréstimos concedidos pelo BNDES, os quais em tese serão pagos com juros e correção monetária.
Para derrubar a afirmação de Dilma Rousseff, que serviu para ludibriar a voz dos manifestantes que tomaram as ruas e avenidas de muitas cidades brasileiras, os estádios Jornalista Mário Filho (Maracanã), no Rio de Janeiro, e Mané Garrincha, em Brasília, são dois exemplos de arenas erguidas com o suado dinheiro do contribuinte. Os dois estádios consumiram, juntos, R$ 2,9 bilhões do dinheiro público. A previsão inicial para a construção e reforma das arenas esportivas nas seis cidades-sedes da Copa das Confederações era de R$ 3,4 bilhões, mas a conta ultrapassou, por enquanto, a marca de R$ 5,4 bilhões.
Considerando a previsão inicial, os estádios Mané Garrincha e Maracanã consumiram 85% do orçamento total para a Copa das Confederações. Com a elevação das contas, as duas arenas foram responsáveis por 53,7% do montante gasto até agora com os seis estádios.
Com orçamento inicial de R$ 745 milhões, o Estádio Mané Garrincha custou R$ 1,4 bilhão, mas há quem garanta que a conta final deve chegar a R$ 1,7 bilhão. Já o Estádio Jornalista Mário Filho, o agora descaracterizado Maracanã, tinha orçamento inicial de R$ 650 milhões, mas a calculadora da corrupção puxou o custo para R$ 1,2 bilhão.
No caso dos estádios erguidos com empréstimos do BNDES, o dinheiro do trabalhador está financiando empreendimentos absolutamente desnecessários, alguns dos quais verdadeiros “elefantes brancos”. Nos bastidores da iniciativa privada comenta-se que uma arena multiuso, como as construídas para a Copa do Mundo, que custar mais do que R$ 400 milhões é inviável economicamente.
A prova maior está no Maracanã, que passou para as mãos da iniciativa privada em leilão que rendeu menos de R$ 200 milhões, aproximadamente 16% do valor gasto na reforma. Em países considerados sérios, onde a legislação é cumprida à risca, a epopeia brasileira da Copa do Mundo já teria garantido a alguns alarifes o direito de contemplar o raiar do astro-rei de forma geometricamente distinta.
Link para esta matéria: http://ucho.info/?p=71137

PPS/MD consegue retirar de MP repasse de R$ 43 milhões para a FIFA

Banco de reserva – Liderando mais uma iniciativa que resultou em derrota do governo da presidente Dilma Rousseff e vitória da sociedade, a bancada do PPS/MD derrubar, na terça-feira (25), repasse de R$ 43 milhões para a FIFA que constava da Medida Provisória (MP) 611. O dinheiro seria utilizado para viabilizar serviços de telecomunicações, como uma rede de transmissão de vídeo e dados, durante a Copa do Mundo de 2014.
De autoria do líder do PPS/MD, deputado Rubens Bueno (PR), o destaque foi aprovado em plenário com apoio da maioria dos partidos. Apenas o PT e a liderança do governo encaminharam contra. “Estamos dizendo um não para essa festança com o dinheiro público. Na última sexta-feira a presidente da República foi à televisão, em cadeia nacional, para afirmar que não havia dinheiro público na Copa do Mundo e na Copa das Confederações. Aqui, nessa medida provisória, que coloca R$ 43 milhões do dinheiro dos brasileiros na FIFA, está o desmentido”, disse.
De acordo com Rubens Bueno, o valor incluído na MP é apenas um, de tantos desmentidos, com relação à afirmação da presidente Dilma, que em seu pronunciamento negou existir investimento de dinheiro público na Copa. “O BNDES, com dinheiro público, está financiando estádios. Sem contar as isenções e regalias de toda a ordem que a FIFA está se beneficiando. Derrubar esse absurdo (os R$ 43 milhões) é atender os anseios da sociedade, que foi às ruas cobrar hospitais e escolas padrão FIFA”, afirmou o parlamentar, que conseguiu apoio da grande maioria dos colegas do plenário.
Os milhões seriam repassados ao Ministério das Comunicações para viabilizar serviços de telecomunicações, como uma rede de transmissão de vídeo e dados, que eram exigidos pela FIFA para a realização da Copa.
A MP também abre crédito extraordinário de quase R$ 4 bilhões para diversos ministérios, com objetivo de atender programas como garantia-safra, desenvolvimento sustentável em áreas rurais e ações de Defesa Civil. Esses recursos foram aprovados
 Link para esta matéria: http://ucho.info/?p=71134

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Sob pressão, a Fifa se defende e Aldo provoca a imprensa

Valcke listou despesas multimilionárias da entidade no país para mostrar que Copa não traz lucro só a ela. Ministro reclamou de cobertura crítica do evento

 
 Valcke e Aldo: no balanço da primeira metade do torneio, avaliação positiva (Fábio Motta/Estadão Conteúdo)
Colocados numa situação espinhosa por causa das críticas aos gastos com o Mundial de 2014 durante as manifestações que se espalham pelo país, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, adotaram posturas distintas na hora de comentar o assunto, nesta segunda-feira, numa entrevista coletiva para avaliar a primeira semana da Copa das Confederações. Enquanto Valcke optou pela defesa, explicando como a Fifa reinveste o dinheiro obtido com o evento e assegurando que não existe hipótese de o Brasil deixar de ser o país-sede no ano que vem, Aldo partiu para o ataque - como já virou costume entre os subordinados da presidente Dilma Rousseff, culpando a imprensa pela contestação popular dos investimentos públicos no Mundial. O principal executivo do Comitê Organizador Local (COL), Ricardo Trade, também participou da entrevista e fez uma avaliação extremamente positiva do evento até agora - deixando de lado, aliás, a insatisfação manifestada por algumas seleções, principalmente em relação às dificuldades encontradas no Recife. "As equipes estão satisfeitas, correu tudo bem com hotéis e locais de treinamento", insistiu o dirigente.
 
Logo no início da entrevista, o diretor de comunicações da Fifa, Walter De Gregorio, lamentou ter de tratar de um assunto que foge ao controle da entidade. "Se não falarmos nada sobre os protestos, vão dizer que a Fifa só se importa com futebol. Se falarmos demais, vão reclamar que estamos nos intrometendo em assuntos exclusivos dos brasileiros", disse o porta-voz. "Nossa posição é e sempre será a de aceitar as regras democráticas e as manifestações, desde que não elas sejam violentas. Mas não nos compete comentar sobre o mérito delas", completou ele, destacando que "pelo lado esportivo, o torneio foi fantástico até agora". Valcke também comemorou os "números fantásticos" da Copa das Confederações, como a ótima média de gols (mesmo nas partidas que não contaram com a presença do frágil Taiti) e a audiência televisiva "espetacular" dos jogos. Mas sua maior preocupação era tentar dissipar a impressão de que a Fifa pode sair como vilã deste ensaio geral para 2014. "Muitos dizem que a gente vem para cá, tomamos proveito do país e vamos embora, sem pagar impostos nem deixar nada de bom, mas isso não é verdade", afirmou ele.

'Não tenho vergonha' - O cartola francês citou os milhares de empregos criados pelo evento em setores como alimentação e hospitalidade, além dos 32 milhões de reais gastos pela Fifa em diárias nos hotéis brasileiros (no ano que vem, serão 448 milhões de reais em despesas no setor). "Trazemos muito dinheiro ao país que recebe a Copa do Mundo", explicou. "Somos uma empresa, ganhamos dinheiro também, mas nosso objetivo não é o lucro, é a promoção do futebol pelo mundo, através de uma série de projetos e iniciativas. Estamos fazendo muitas coisas boas. Pode não ser o suficiente, mas não tenho vergonha do que estamos fazendo aqui. Não sei por que é tão difícil as pessoas entenderem como a Fifa trabalha." O secretário-geral ainda minimizou a preocupação com a segurança dos envolvidos no evento - disse que o esquema, mesmo depois dos protestos, é "exatamente igual" ao que foi adotado na África do Sul - e que "nada vai colocar em risco a organização da Copa no Brasil". "Não há plano B. Além disso, não recebi nenhuma oferta de nenhum outro país para receber o Mundial. O que aprendemos neste mês certamente servirá para 2014, inclusive em relação à segurança."

Acompanhado de seu braço-direito no Ministério, o secretário-executivo Luís Fernandes, Aldo Rebelo fez uma longa apresentação das cifras investidas no país por causa da Copa, destacando principalmente gastos em infraestrutura. "É evidente que esses eventos não são disputados por tantos países por acaso", afirmou, dizendo não ter dúvidas de que um impacto positivo será sentido na vida das pessoas - ainda que muitos dos projetos incluídos na Matriz de Responsabilidades de obras ligadas à Copa ainda não tenha saído do papel. Fernandes disse que a Copa é "uma oportunidade histórica para promover o desenvolvimento do país" e que os gastos ligados ao evento não significam que faltará dinheiro para a saúde e educação públicas. "É muito importante que a mídia nos ajude a transmitir essas informações", pediu o secretário, aparentando insatisfação com as reportagens que questionam o acerto dos investimentos com estádios e outras ações para 2014. Aldo também reclamou da imprensa: "Os meios de comunicação tiveram uma inclinação pelo olhar crítico, não pelos benefícios da Copa". Diante do questionamento de um jornalista sobre o financiamento federal para obras em estádios, o ministro, normalmente de fala macia e tranquila, chegou a elevar o tom e provocar: disse que a imprensa também é financiada pelos governos, já que empresas e bancos estatais anunciam nos meios de comunicação.

sábado, 22 de junho de 2013

O drama dos elefantes brancos da Copa

Marina Dutra
Do Contas Abertas
Pelo menos quatro dos 12 estádios que foram reformados e construídos para sediar a Copa do Mundo de 2014 devem se tornar verdadeiros “elefantes brancos”. A expressão se refere à um bem valioso, mas cujo custo e utilidade é desproporcional a sua utilidade e valor. Juntos, os estádios de Brasília (DF), Cuiabá (MT), Manaus (AM) e Natal (RN) devem custar, segundo dados do Portal da Transparência, R$ 2,8 bilhões. Uma parcela será financiada pelo BNDES, mas os governos estaduais entrarão com recursos próprios, ou seja, da sociedade. Em Brasília, todo o montante (R$1,2 bilhão) provém do governo do Distrito Federal. Em Manaus serão R$ 183,4 milhões, em Mato Grosso R$ 233,9 milhões e em Natal R$ 17,0 milhões. 
Se o retorno do capital aplicado fosse unicamente decorrente da realização de partidas de futebol, sem contar os custos de manutenção, seriam necessários milhares de jogos para pagar as contas das arenas. Conforme levantamento do Contas Abertas, os campeonatos regionais desses estádios levam menos de 10 mil espectadores para uma final e têm menos de R$ 100 mil de arrecadação por jogo. 
 O Contas Abertas fez as contas para descobrir quantos jogos seriam necessários para compensar a verba gasta nos elefantes brancos, se os estádios fossem unicamente explorados pela administração pública, a partir de dados das federações estaduais de futebol do Distrito Federal, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Amazonas.
Para compensar todo o dinheiro aplicado no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, que de acordo com o Portal da Transparência já custou R$ 1,2 bilhão aos cofres públicos, seria necessária a realização de 96.385 jogos. A conta foi feita tendo como base o primeiro jogo da final do campeonato brasiliense, que arrecadou R$ 12.450 e levou 1.956 pagantes ao Estádio Serejão, em Taguatinga (DF).
Pode ser que com o belo estádio, que entra para a lista de atrações turísticas de Brasília, o público aumente, mais vai ser dificil lotar os 71 mil lugares disponíveis para os torcedores. Os ingressos para a final do Candangão custaram de R$ 1 a R$ 20, valores quase simbólicos se comparados aos jogo Flamengo e Santos, realizado em maio no Mané Garrincha, que variavam entre R$ 80 e R$ 220.
Na final do Campeonato Mato-grossensse, 4.611 ingresssos foram vendidos, gerando renda de R$ 82,2 mil aos times Cuiabá e Mixto. Os ingressos para a final variavam entre R$ 10 e R$ 20. Para quitar os R$ 421,6 mil desembolsados na construção do Estádio Verdão, em Cuiabá, 5.129 jogos do mesmo porte teriam que ser realizados no local. O novo estádio terá capacidade para 43.136 espectadores, nove vezes o público da final estadual.
Os R$ 400 milhões previstos para serem gastos na construção da Arena das Dunas, em Natal, também vão demorar para surtirem efeitos na economia do estado. A final do Campeonato Potiguar levou 5.959 torcedores ao Estádio Barretão, em Ceará Mirim (RN), público mínimo se comparado a capacidade do novo centro de futebol – 43 mil pessoas. O jogo entre América e Potiguar gerou renda de R$ 99.460. Seriam precisos mais de 4 mil eventos como esse para pagar a Arena das Dunas.
A Arena Amazônica, orçada em R$ 568,8 milhões e com capacidade para 44 mil pessoas é outro empreendimento na lista dos elefantes brancos brasileiros. Cerca de 8 mil pessoas compareceram a final do Campeonato Amazonenese, que arrecadou R$ 54.000. Seriam necessárias mais de 10.500 partidas como essa para quitar as contas do estádio de Manaus.
Para contornar a realidade, os estádios construídos com recursos públicos serão concedidos a empresas privadas e utilizados também para shows e eventos culturais. Em Brasília, por exemplo, show da cantora americana Beyoncé está previsto já para setembro de 2013.
Em entrevista ao Contas Abertas, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), afirmou que os governantes podem argumentar que as arenas irão permitir atividades esportivas e culturais, mas isto seria possível com pequenas melhorias nos estádios anteriores. “O Brasil tem muitos problemas, mas um dos mais graves é não fazer contas. Eu lamento que tenhamos demorado tanto para despertar para um assunto que parecia obvio. Copa é para se ganhar em campo, não para construir campo”, conclui.
Segundo o deputado Romário, presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, a quantidade de estádios foi um gasto desnecessário. “Posso afirmar que desses 12 estádios, no máximo seis terão vida própria. Se os governadores tivessem questionado a população sobre qual era a prioridade deles, com certeza não seria estádio, mas sim educação, saúde e transporte", conclui.
De acordo com o especialista em gestão pública, José Matias Pereira, os investimentos em estádios não demonstram o olhar de um país que pretende criar condições de bem estar para a população. “Estamos falando de recursos públicos que vão fazer falta na hora em que o país tiver efetivamente, e finalmente, um planejamento de longo prazo bem definido. Nessa hora, o governo não poderá ignorar que além das construções e reformas, os estádios possuem custos fixos de manutenção muito elevados”, explica.
Federação defende estádio
O diretor de competições da Federação Amazonense de Futebol, Ivan da Silva Guimarães, não concorda que o estádio será subutilizado. “Nosso campeonato tem crescido muito. Se tivéssemos a Arena da Amazônia pronta este ano, com 44 mil lugares, certamente a final do campeonato amazonense teria 44 mil torcedores”, afirma.
De acordo com Guimarães, há três anos Manaus está sem estádios de futebol profissionais e 99% dos jogos são realizados no interior do estado. “A expectativa é grande para a inauguração do estádio em Manaus. Com a chegada da arena, já houve investimento muito grande nas equipes”, completa.
O Contas Abertas também entrou em contato com as federações dos outros estados citados a matéria, mas até o fechamento, a reportagem não obteve resposta.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Gastos de R$ 7 bilhões com estádios correspondem à construção de 8 mil escolas

Dyelle Menezes
Do Contas Abertas
A Copa das Confederações, evento teste para a realização do mundial de 2014, evidenciou a incoerência dos gastos do governo. Com filas em hospitais, falhas na educação e problemas de infraestrutura históricos, os investimentos do governo para os megaeventos esportivos tornaram-se um dos principais alvos dos protestos que levaram mais de 250 mil pessoas às ruas na segunda-feira (17).
A realização da Copa do Mundo vai custar R$ 28 bilhões. Desse total, segundo o Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União (CGU), R$ 8,9 bilhões estão previstos para mobilidade urbana, R$ 7 bilhões para aeroportos e R$ 2,2 bilhões para segurança pública, aplicações que deixariam legado, mas que estão custando a sair do papel. Apenas 12,7% dos recursos destinados a esses itens específicos foram executados e menos da metade está contratado.
 A construção dos 12 estádios, por sua vez, já tem 60% dos recursos executados e 96% contratados. Ao todo, R$ 7,1 bilhões estão orçados para os “monumentos do futebol”. Com os recursos destinados às arenas da Copa do Mundo de 2014, seria possível construir 8 mil escolas para as séries iniciais do ensino fundamental ou adquirir 39 mil ônibus escolares. Além disso, 28 mil quadras poliesportivas poderiam ser implementadas ou modernizadas para o esporte educacional.
Em outras comparações, os R$ 7,1 bilhões investidos nos estádios poderiam também ser utilizados para a construção de 2.842 km de trechos rodoviários, mais da metade da extensão da BR-116, a principal rodovia brasileira, passando por dez estados. O montante também pode ser equiparado a construção de 1.421 km de trechos ferroviários. Na área social, o valor aplicado nos templos do futebol equivale a aproximadamente 128 mil casas populares do programa Minha Casa, Minha Vida.
Os valores investidos nas arenas da Copa são tão significativos que correspondem, em valores correntes, ao gasto global do Ministério da Cultura entre 2001 e 2011. Além disso, os R$ 7,1 bilhões aplicados nas arenas representam aproximadamente sete anos de dispêndios do Ministério do Esporte, considerando como base o que foi gasto em 2012.
Para o secretário executivo do Ministério do Esporte, Luis Fernandes, "não há contradição entre os investimentos sociais e os investimentos que estamos fazendo para a Copa do Mundo”. O representante do Ministério defendeu os recursos usados na competição porque entende que eles se revertem em desenvolvimento para o país.  Fernandes até disse que também terão impacto em saúde e educação, áreas que os manifestantes reivindicam que tenha mais dinheiro, em detrimento da competição.
No entanto, para o especialista em gestão pública José Matias Pereira, em relação aos estádios, o Estado está desenvolvendo esforços para realizar um conjunto de obras que reconhecidamente não irão gerar efeitos positivos no funcionamento da economia. “Realizar essas obras é como um cidadão que não tem o que comer comprar um iate ou uma casa de campo. Em termos de retorno para o país, esses investimentos são baixíssimos. A população vai pagar algo pelo qual ela não foi consultada se queria”, explica.
Segundo o professor da Universidade de Brasília (UnB), quando observamos a questão dos estádios há verdadeiras aberrações, como é o caso do Estádio Mané Garrincha, em Brasília. “O estádio, uma das mais caras arenas do mundo, é emblemático por natureza. Fica bem no centro da capital do país, que cada vez mais sofre com a falta de investimentos em mobilidade urbana. É um absurdo inaceitável”, afirma.
A construção do Estádio Mané Garrincha custou R$ 1,2 milhão, 79% a mais do que a previsão inicial de R$ 671 milhões.  Enquanto isso, a construção do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) de Brasília foi excluída da Matriz de Obras da Copa, documento que lista todas as medidas necessárias para a preparação do Brasil para o Mundial.
De acordo com Pereira, esse quadro não demonstra o olhar de um país que pretende criar condições de bem estar para a população. “Estamos falando de recursos públicos que vão fazer falta na hora em que o país tiver efetivamente, e finalmente, um planejamento de longo prazo bem definido. Nessa hora, o governo não poderá ignorar que além das construções e reformas, os estádios possuem custos fixos de manutenção muito elevados”, explica.
O especialista afirma ainda que se fosse realizada correlação entre os custos dos nossos novos “monumentos da paixão nacional”, chegaríamos a conclusão de que estamos atrasando a capacidade de termos uma infraestrutura melhor. “Esses recursos poderiam estar sendo empregados em benefício da população”, conclui.
Pereira ressalta os diversos protestos pelo país demonstram que estamos vivenciando um momento muito especial, em que os cidadãos se mostram descontentes com governos sem capacidade de dialogar com o povo e assumindo investimentos como os da Copa do Mundo. “O tempo, e eu lamento por isso, vai mostrar o enorme erro que os governantes fizeram ao assumir os gastos com os estádios, que não levam a nada. Esses monumentos possuem destinatários específicos: construtoras, políticos e todos que de alguma maneira tiram benefícios diretos e indiretos, legais ou ilegais, de obras dessa dimensão”, conclui.
Para o deputado Romário, presidente da Comissão de Esporte e Turismo da Câmara, a não concretização do legado social é o pior dos cenários. “O tão falado legado para a população parece ter ficado só no papel. Quase todas as obras de transporte estão atrasadas, a inauguração de algumas, inclusive, já foi remarcada para ocorrer somente após o Mundial, fora as que foram canceladas”, reforçou.
Segundo o deputado, a quantidade de estádios foi um gasto desnecessário. “Posso afirmar que desses 12 estádios, apenas seis terão vida própria, com eventos para sustentá-los. Se os governadores tivessem questionado a população sobre qual era a prioridade deles, certeza que não seria estádio, mas sim educação, saúde e transporte", conclui.

Temendo novas vaias, Dilma Rousseff não aparece no Castelão cercado por manifestantes

Fugindo da raia – Depois de ter confirmado presença no Estádio Governador Plácido Castelo (Castelão), em Fortaleza, onde a seleção brasileira enfrenta o onze mexicano em partida válida pela Copa das Confederações, Dilma Rousseff simplesmente não apareceu. A presidente, que no último sábado (15) enfrentou uma sonora vaia no Estádio Mané Garricha, evitou passar novo constrangimento, que prometia ser ainda maior por causa da repercussão das manifestações que se esparramam pelo País.
Antes do início da partida, pelo menos 25 mil manifestantes foram às ruas da capital cearense e bloquearam o acesso em duas das quatro vias de acesso à arena esportiva. A Polícia Militar agiu para impedir o avanço dos manifestantes na área de segurança determinada pela FIFA. Para conter os integrantes do protesto, que estavam divididos em dois grupos, a PM cearense usou balas de borracha.
Dilma e seus mais próximos assessores continuam insistindo em buscar uma solução para a questão das tarifas de transporte público, com o objetivo específico de ajudar o prefeito paulistano Fernando Haddad encurralar politicamente o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. O objetivo do PT, apesar dos protestos, é tomar de assalto o Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo paulista.
Uma eventual redução nas tarifas do transporte em algumas cidades não garante o fim das manifestações, como querem os palacianos. Diante dos desdobramentos dos protestos, que ganharam força há uma semana, Dilma entrou em desespero e cometeu o desatino de viajar para São Paulo a fim de se reunir com Lula e um marqueteiro petista. Uma atitude absurda, que confirma que Dilma não tem pulso de governante e que o País está à deriva em termos políticos.
 Link para esta matéria: http://ucho.info/?p=70847

segunda-feira, 17 de junho de 2013

O Tropeirão do Mineirão

Clássico da culinária mineira, o feijão tropeiro é também uma velha tradição nos bares do Mineirão, estádio que é palco da Copa das Confederações. Depois de reforma, a iguaria voltou de cara nova e com muitas reclamações dos torcedores.

Protestos contra a gastança do dinheiro público com obras da Copa do Mundo são tardios e inócuos

Fora do prazo – Nos últimos dias, as redes sociais exibiram inúmeras mensagens sobre o eventual despertar da sociedade brasileira. Assim têm sido interpretados os recentes protestos que até então ocorreram em muitas cidades do País.
Sem fugir do já folclórico “deixando para a última hora”, os brasileiros decidiram protestar no último minuto da prorrogação. Em relação aos recentes protestos contra a realização da Copa do Mundo, o ucho.info alertou para a irresponsabilidade em 31 de outubro de 2007, dia em que a FIFA anunciou que o Brasil sediaria a edição de 2014 do evento futebolístico.
À época, o povo encheu as ruas na esteira de comemorações ufanistas, enquanto este site era alvo de críticas disparadas de todas as regiões do País. Nos últimos seis anos, mantivemos a posição em relação à Copa do Mundo, pois é inconcebível que uma nação que navega conviva com problemas de toda ordem abra os cofres oficiais de forma irresponsável para custear um evento que dura no máximo um mês e traz retorno pífio, se considerado o gigantismo do investimento.
Se governar exige doses mínimas de planejamento, o que falta de maneira inconteste aos inquilinos do Palácio do Planalto, protestar é uma ação que só tem efeito se existir visão de longo prazo de quem se manifesta. De nada adianta, a essa altura, culpar o governo pelos investimentos nas obras para a Copa do Mundo. Essa manifestação deveria ter acontecido no minuto seguinte ao anúncio da FIFA, mas a fuzarca sufocou a lógica.
Com o estrago consumado, não resta ao País outra saída que não seguir adiante nessa tremenda irresponsabilidade que é a realização de uma Copa do Mundo. A falta de interesse da sociedade em relação às questões políticas permitiu, por exemplo, que os cofres oficiais fossem sangrados em R$ 10 bilhões ou mais para a construção de estádios, alguns dos quais verdadeiros “elefantes brancos” desde o assentamento do primeiro tijolo.
Que o povo deleite-se com as atitudes ilógicas de um governo que é adepto confesso da política do pão e circo, cortina de fumaça para a implantação de um projeto totalitarista de poder.

 Link para esta matéria: http://ucho.info/?p=70697

domingo, 16 de junho de 2013

No caminho do torcedor até a arena, aperto e demora

Aperto no vagão do metrô antes do jogo entre Espanha e Uruguai (Kalleo Coura)


A reportagem de VEJA percorreu o caminho que 30.000 dos 46.000 torcedores fizeram para chegar até a partida deste domingo entre Espanha e Uruguai, na Arena Pernambuco, no Recife. O ponto de partida foi a estação de metrô Antônio Falcão, localizada no bairro de Boa Viagem, setor hoteleiro da cidade, e destino dos torcedores que deixaram seus veículos estacionados num dos maiores shoppings da capital pernambucana. Mesmo quatro horas antes da partida, os vagões já estavam lotados, fato que talvez tenha sido ocasionado pelo intervalo prolongado - oito minutos - entre os trens. Depois de uma baldeação, na estação Recife, o trajeto até a estação Cosme e Damião, localizada a mais de dois quilômetros da Arena Pernambuco, levou exatamente 55 minutos. Ali, por causa das escadas, houve uma grande aglomeração de torcedores que durou até a chegada de um novo trem, o que consequentemente piorou a situação. “Deu tudo certo até aqui, mas poderiam dar um jeito de escoar melhor esse fluxo na saída da estação”, disse o uruguaio Heber Acuña, de 71 anos, que comprou ingressos para as três partidas da seleção celeste na primeira fase. Por falar português, Acuña não sentiu falta da sinalização bilíngue no metrô, que é inexistente em todo o percurso. Depois de dez minutos para vencer o tumulto, não houve demora no embarque dos circulares que levam até o estádio. Mas, mesmo ali, havia torcedores insatisfeitos. “Paguei 230 reais pelo ingresso para vir num ônibus superlotado. Alguém devia controlar a entrada dos torcedores de acordo com a capacidade do veículo. A organização precisa melhorar muito”, reclamou o advogado potiguar Esaul Magalhães. Depois de uma hora e quarenta minutos de viagem, a reportagem chegou à Arena Pernambuco com a impressão de que a frase mais ouvida ao longo do percurso vai atormentar grande parte dos torcedores durante a partida: "Se a ida, às 15 horas, está assim, não quero nem imaginar como vai ser a volta...".
(Kalleo Coura, do Recife)

 No desembarque, novo aperto até a saída da estação

Além das arenas da Copa, governo banca obras em outros estádios

Dyelle Menezes
Do Contas Abertas
Em 2007, quando o Brasil foi anunciado como sede da Copa das Confederações de 2013 e da Copa do Mundo de 2014, o então presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, afirmou que o poder público nada gastaria com atividades desportivas. “A Copa do Mundo é um evento privado”, garantiu. Passados quase sete anos desde a declaração, os recursos públicos estão financiando não somente as construções e reformas nos estádios que receberão o evento, ao custo total de R$ 7,1 bilhões, mas, também, campos e centros esportivos que não estão na lista de cidades-sede.
 Neste ano, por meio da ação “Apoio à realização da Copa do Mundo Fifa 2014” do Ministério do Esporte, já foram empenhados R$ 79,3 milhões para as melhorias, reformas, estruturações aquisição de equipamentos, modernizações e adaptações em estádios de apoio para o Mundial de 2014 e para a Copa das Confederações, que se inicia hoje.
O governo já empenhou (reservar em orçamento para posterior pagamento), por exemplo, R$ 7 milhões para “suplementação de recursos orçamentários” com a finalidade de implantar e modernizar o Centro Oficial de Treinamento da Barra do Pari, em Várzea Grande, no Mato Grosso. Outros R$ 6,9 milhões serão destinados à implantação e modernização do Centro Oficial de Treinamento no Campus da Universidade Federal do Mato Grosso.
Para o Estádio Martins Pereira, em São José dos Campos (SP), já foram empenhados R$ 6 milhões, objetivando a adequação do equipamento esportivo para servir como “Centro de Treinamento de Seleções para a Copa do Mundo FIFA 2014”. O mesmo valor foi reservado para adequação nas instalações do Estádio Anacleto Campanella, em São Caetano do Sul (SP). O objetivo é colocar o estádio nos padrões internacionais de atendimento estabelecidos pela FIFA.
Para as obras no Estádio Milton de Souza Côrrea, conhecido como Zerão, em Macapá (AP), foram empenhados R$ 4,1 milhões com vistas à adequação às normas da FIFA. Para melhorias no Estádio Castelão, em São Luís (MA), R$ 5,9 milhões foram reservados. Já para o Estádio Municipal Antônio Fernandes, na cidade de Guarujá (SP), foram empenhados R$ 4,5 milhões para atendimento a todos os requisitos exigidos pela FIFA para Centro de Treinamento de Seleções nas subsedes hospedeiras.
No caso do Estádio Municipal Dr. Novelli Júnior, localizado na cidade de Itu, no estado de São Paulo, casa do Ituano Futebol Clube, foram empenhados R$ 2,8 milhões para “melhorias necessárias [...] para a preparação dos Centros de Treinamento de Seleções Públicos para a Copa das Confederações FIFA de 2013 e Copa do Mundo FIFA 2014”.
A lista não para por aí. Estão incluídos nesses gastos a modernização do Estádio Serra Dourada (R$ 3,3 milhões), em Goiânia, melhoria das instalações do Estádio Municipal de Joinville (R$ 3,9 milhões), em Santa Catarina, revitalização do Estádio João Lamego Neto (R$ 1,9 milhão), em Ipatinga (MG). Além disso, há empenhos de R$ 1,2 milhão para reforma, melhoria e adequação do Estádio Municipal João Havelange, em Uberlândia (MG), e R$ 1 milhão para a implantação de melhorias no Centro de Treinamento de Seleções de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.
Segundo o jornalista José Cruz, que cobre há mais de 20 anos os bastidores da política e economia do esporte, acompanhando a execução orçamentária do governo, esse tipo de investimento só demonstra como o anúncio de que os megaeventos trazem resultados positivos é ilusório. “Os grandes patrocinadores dos eventos são empresas de marcas famosas, mas o que nós vemos são recursos públicos fazendo os investimentos nas obras de infraestrutura no Brasil”, afirmou.
De acordo com Cruz, cada vez mais o Ministério do Esporte está abraçando o futebol, área que não é da sua competência. O jornalista esportivo afirma que o a Pasta vem liderando a campanha para o perdão das dívidas fiscais dos clubes e fornecendo recursos para formação de atletas em grandes clubes por meio da Lei de Incentivo ao Esporte.
“Não surpreende que verbas também estejam sendo repassadas para preparar áreas de treinamento como essas. É apenas mais uma ação na qual o Ministério do Esporte está envolvido, em segmento altamente rentável e lucrativo como é o futebol, e sem transparência. Os megaeventos são privados, mas os recursos são públicos”, conclui.
Outros gastos
Entre as iniciativas também estão ações especiais de promoção e de participação em eventos internacionais para a divulgação do Brasil como país sede da Copa do Mundo FIFA 2014, bem como eventos e campanhas nacionais. Dessa forma, em 2013 já foram pagos R$ 800 mil para a empresa “Evidencia Display – Publicidade, Exposição e Eventos LT” atender despesas com montagem do estande “Goal to Brasil 2013” em diversos países como Peru, Uruguai, Reino Unido, México, Alemanha, Espanha e Itália.
Além disso, a iniciativa tem a finalidade de realizar e atualizar estudos, levantamentos e pesquisas de dados e informações (quantitativos e qualitativos), com vistas a subsidiar a organização a Copa e a contratação de serviços especializados de consultoria. Nesse sentido, pelo menos R$ 7,4 milhões pagos para empresas de prestação de serviços em organização de eventos, serviços gráficos e consultorias.
Ao todo, em 2013, a ação “Apoio à realização da Copa do Mundo Fifa 2014” conta com orçamento autorizado de R$ 270,5 milhões para as iniciativas. Até o último dia 10, 33,5% do total de recursos, o equivalente a R$ 90,7 milhões, foram empenhados e 3,8%, isto é, R$ 10,1 milhões, foram pagos.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Manifestação na Avenida Paulista termina sem incidentes

Manifestantes protestaram nesta sexta-feira (14) contra obras da Copa. Desta vez, não houve confronto com a polícia.


 Manifestação na Paulista contra obras da Copa nesta sexta-feira  (Foto: Guilherme Tosetto/G1)

Terminou sem incidentes por volta das 18h30 a manifestação que interditava parte da Avenida Paulista nesta sexta-feira (14). Duas faixas da avenida ficaram fechadas, no sentido Paraíso, por causa da concentração de manifestantes. Portas do Metrô Consolação chegaram a ser fechadas. Segundo a Polícia Militar, cerca de 200 pessoas se reuniram no ato contra a realização da Copa das Confederações.
A polícia acompanhou a manifestação à distância e não foram registrados incidentes ou depredações como as registradas nas últimas manifestações.
A manifestação ocorreu próxima ao prédio onde funciona o escritório da Presidência da República em São Paulo.
Os manifestantes protestaram contra os gastos públicos para a realização da Copa das Confederações no Brasil. O grupo distribui um panfleto intitulado "Copa pra Quem?", questionando as obras.  O documento é assinado pela Frente de Resistência Urbana e Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa.
Jogos cancelados no Dante
O colégio Dante Alighieri, localizado nas proximidades da Avenida Paulista, informou que fechará as portas mais cedo nesta tarde por causa do protesto em andamento na região do Masp. Na tarde desta sexta-feira a assessoria da instituição de ensino informou que vai fechar às 18h15. Segundo a assessoria, foram cancelados 18 jogos das olimpíadas internas previstos para esta sexta.

A diretoria da instituição se reuniu nesta sexta para discutir as providências a serem tomadas ao final do dia e nos próximos. Há possibilidade de aulas noturnas serem canceladas em dias de protestos na cidade.
 

Protesto contra a Copa do Mundo reúne manifestantes em Porto Alegre

Cerca de 150 pessoas se concentram em frente ao Mercado Público.
Um dia após quebra-quebra na capital, ato transcorre de maneira pacífica.


  Manifestantes se concentram no Largo Glênio Peres, no centro da capital (Foto: Edmilson Antunes/RBS TV)

 Um dia após um protesto contra o preço das passagens de ônibus que terminou em quebra-quebra e 23 presos em Porto Alegre, uma nova manifestação é realizada na capital gaúcha na noite desta sexta-feira (14). O ato, no entanto, é contra a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil e, até o momento, é realizado de forma pacífica. 
 Faixas e cartazes foram estiradas no chão do Largo
Glênio Peres (Foto: Edmilson Antunes/RBS TV)

A manifestação também reúne bem menos participantes do que na noite anterior. Pouco mais de 150 pessoas, segundo estimativa da Brigada Militar, se reúnem no Largo Glênio Peres, em frente ao Mercado Público, ao lado do Paço Municipal. Com faixas, cartazes e instrumentos de percussão, eles protestam contra os gastos públicos para o país receber o evento e supostos desvios de recursos nas obras. "A Seleção não me representa", gritam.
O clima também é diferente do protesto contra o preço da passagem de ônibus, quando uma minoria dos manifestantes promoveu atos de vandalismo, e a Brigada Militar respondeu com balas de borracha e bombas de efeito moral. Desta vez, não há manifestantes com os rostos cobertos por máscaras ou lenços. A polícia e a Guarda Municipal, no entanto, reforçaram a segurança no local.

 Segurança foi reforçada no centro da capital
(Foto: Edmilson Antunes/RBS TV)

Na noite de quinta, cerca de 2 mil pessoas protestaram pedindo redução do preço da passagem de ônibus, atualmente em R$ 2,85 após uma liminar na Justiça ter impedido o reajuste para R$ 3,05. Segundo a polícia, durante o ato 21 lojas foram pichadas, seis agências bancárias depredadas, dois veículos particulares e dois veículos de órgãos de imprensa foram danificados, mais de 40 contêineres de lixo foram quebrados e um incendiado.
Além disso, a Igreja do Rosário e a sede do Tribunal de Justiça do estado também sofreram danos. Um policial militar foi atingido por uma pedrada e precisou de atendimento médico, conforme informou o major André Cordova. Outros seis manifestantes também ficaram feridos. Dos 23 manifestantes detidos, quatro possuem antecedentes criminais, afirma a polícia. Todos foram liberados durante a madrugada.