Recuo sob pressão – O ministro da Justiça, José Eduardo Martins
Cardozo, anunciou que pedirá ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo
Alves (PMDB-RN), que suspenda temporariamente a votação da Proposta de
Emenda à Constituição 37/11, que retira do Ministério Público o poder de
investigação tão claramente estabelecido na Carta Magna de 1988. A
proposta restringe a investigação criminal às polícias federal e civis, o
que impede o MP de abrir inquéritos. A votação da PEC está marcada para
a próxima quarta-feira (26).
Um dos motivos do pedido de adiamento é a falta acordo entre as
polícias e o Ministério Público sobre a proposta. Duas reuniões de
negociação foram marcadas para a semana que vem. Pesou também na decisão
os recentes protestos promovidos nos últimos dias em muitas cidades do
País, quando críticas à PEC 37 engrossaram o coro dos manifestantes.
O adiamento é apoiado pelos membros do grupo de trabalho que tenta há
mais de trinta dias um acordo. O colegiado é formado por integrantes do
Ministério da Justiça, do Ministério Público, por policiais e pelos
deputados Bernardo Santana de Vasconcellos (PR-MG) e Fabio Trad
(PMDB-MS).
O adiamento pode ser uma armadilha, pois mantida a votação para o
próximo dia 26 de junho a matéria certamente seria derrubada no vácuo do
clamor das ruas. Assustados com os desdobramentos dos protestos, muitos
parlamentares chegaram a mudar de posição em relação à PEC 37, que não
passa de um atentado contra a sociedade, que desde 1988 é defendida pelo
Ministério Público.
Consenso
Fabio Trad acredita que o consenso está próximo. “Já se admite como
consenso que o Ministério Público tenha que investigar. Também se admite
como consenso que esta investigação tem que ser extraordinária. Tudo
isso é um avanço”, disse o deputado. “O que se discute agora é como essa
condição excepcional vai se materializar. Ela vai se concretizar com
indícios de atividade criminosa, através da inércia das autoridades
policiais?”, questionou.
O presidente em exercício da Câmara, deputado André Vargas (PT-PR),
também já manifestou ser favorável ao adiamento da votação,
principalmente por causa das manifestações populares contrárias à
proposta.
Negociação
As reuniões de conciliação da semana que vem serão feitas
separadamente, uma com o Ministério Público, outra com policiais. Todas
vão ter a mediação do ministro da Justiça e dos deputados.
A proposta usada como base nas negociações permite que o Ministério
Público investigue, mas de forma excepcional, com regras e controle da
Justiça. O texto inicial foi aceito pelos policiais, mas recusado pelos
procuradores e promotores. A ideia dos deputados é melhorar a proposta
para que seja votada no lugar do texto original da PEC 37. (Com
informações da Agência Câmara)
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