(*) Lígia Fleury –
“Professora é demitida após divulgar fotos de escola alagada em Imperatriz”
Uma dúvida me atormenta: por que só se coloca o cadeado na porta depois que o bandido entra?
Algo não faz sentido. Ao viajar por nossas estradas, ao andar pelas
nossas ruas, vejo placas “Cuidado, buraco na pista”. Muitas vezes apenas
cavaletes indicando uma cratera.
Por que não se evita o buraco, a cratera? Por que as placas de
sinalização permanecem por dias sem que o asfalto seja reparado? Por que
não se constrói com asfalto de qualidade? Ora, se há um aviso é porque
alguém o colocou lá. E não fui eu, não foi você. É pedir demais que se
arrume o estrago antes que ele cause acidentes? É pedir demais que se
utilize material de qualidade para evitar acidentes? Não é mais fácil
fazer uma vez só e bem feito do que ficar remendando?
É pedir demais que se mantenham salas de aula sem goteiras? É pedir
demais que haja um mínimo de segurança e de estrutura nas salas de aula?
É muito difícil construir escolas com material de qualidade? É muito
difícil utilizar nas escolas o mesmo material com o qual se constroem as
casas dos responsáveis pela educação?
E, novamente, quem perde é a educação.
A educação do trânsito. A educação da sala de aula. A tal da cidadania.
O erro é da professora que quer para seus alunos um mínimo de
respeito? O erro é da professora que se preocupa com o ambiente escolar?
Ou o erro é de quem fecha os olhos para essa pouca vergonha que chamam
de sala de aula, que ousam chamar de escola?
Olhem para nossas escolas. Com cuidado! Porque poderão ser banidos da
situação de cidadania a qual pertencem desde o dia de seu nascimento.
Outra pergunta me inquieta: onde estudam ou estudaram os filhos,
sobrinhos dessas pessoas que se julgam dirigentes de Educação e que não
olham para seus alunos? Onde os próprios estudaram?
Oh! Eu sei a resposta. Em alguma escola onde não consta na lista de
material “guarda-chuva” para a sala de aula, galocha para o recreio.
Essa professora do Maranhão, que no final de 2012 retratou a escola
em que tentava trabalhar, tem o meu mais profundo respeito, simplesmente
porque é uma EDUCADORA, que conhece o significado da palavra RESPEITO.
Ela deve dormir o sono dos justos. E merece uma retratação por ter perdido seu emprego. Seu NOBRE EMPREGO.
Horroriza-me ler que foi punida por mostrar o absurdo do ambiente
escolar. O absurdo é a falta de estrutura ou é o fato da população tomar
conhecimento dessa aberração? Essa é uma EDUCADORA. E foi punida.
Foi punida porque cuidou de seus alunos. Isso chama-se… como é mesmo? Ah, sim, lembrei: inversão de valores!
Mas não vamos desistir! Contra tudo que escandaliza nossa Educação, lutemos pela sua sobrevivência.
Não sejamos mais um Brasil de reação, mas de ação!
(*) Lígia Fleury é psicopedagoga, palestrante, assessora pedagógica educacional, colunista em jornais de Santa Catarina e autora do blog educacaolharcomligiafleury.blogspot.com.

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