Chega de hipocrisia – Muitos brasileiros que desconhecem os
bastidores da política nacional se surpreenderam com a notícia sobre um
assessor parlamentar que foi assaltado em Brasília e teve uma maleta com
dinheiro vivo levada pelos ladrões.
De acordo com o jornal Correio Braziliense, um assessor de confiança
do deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da
Câmara, entregou aos ladrões uma maleta com R$ 100 mil em espécie.
Há mais de dez anos assessorando o presidente da Câmara dos
Deputados, Wellington Ferreira da Costa registrou o roubo no dia 13 de
junho. De acordo com o assessor, os ladrões levaram, além da recheada
maleta, um celular e um tablet. O crime ocorreu no Plano Piloto e está
sendo investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal.
Para quem não se recorda, Wellington Costa foi chefe de gabinete de
Alves em 2008, período em que a Polícia Federal deflagrou a Operação
Santa Tereza e identificou o nome da dupla em um esquema criminoso de
desvio de recursos do BNDES. A ligação entre Costa e Henrique Eduardo
Alves é tamanha, que as três filhas do assessor já trabalharam para o
deputado.
O que pode provocar espanto em muita gente é coisa comum para quem
conhece o cotidiano da política nacional. O fato de o assessor carregar
R$ 100 mil em espécie não é novidade em uma cidade onde a corrupção
embala o cotidiano político do País.
Não se trata de acusar Wellington Costa e Henrique Alves de algum
ilícito, mas é comum na capital dos brasileiros o pagamento de propinas a
políticos. Tais operações normalmente são realizadas por lobistas
conhecidos e que circulam no meio político com destreza e elegância.
Quem quiser entender o modus operandi basta acompanhar a pauta de
votações do Senado e da Câmara dos Deputados e de suas respectivas
comissões permanentes ou de inquérito (CPIs). Vez por outra acontecem
fatos inexplicáveis, mas que não mais assustam os que conhecem os
bastidores da política.
Um bom exemplo está em determinado artigo do Novo Código Civil, que
teve um “e” substituído por um “ou”. Sem que a maioria percebesse, a
trapaça custou à época R$ 3 milhões. Palavra de quem pagou. O mesmo
acontece com alguns estranhos requerimentos de convocação em comissões
permanentes ou CPIs. A retirada do documento, o que sepulta eventual
convocação, não sai de graça. Basta ver o resultado da CPI dos Correios,
que não conseguiu investigar nem metade do escândalo de corrupção que
ficou nacionalmente conhecido como Mensalão do PT.
A tendência é que o caso envolvendo o assessor de Henrique Eduardo
Alves caia na vala do esquecimento popular dentro de alguns dias, como
ocorreu com muitos outros escândalos. Alguém se lembra de Erenice
Guerra? Das lanchas compradas e não entregues pela então ministra Pesca,
Ideli Salvatti? Da Delta Construção e do empresário Fernando Cavendish?
Do escândalo da Variglog? Dos aloprados do Dossiê Cuiabá? Dos dólares
na cueca? Da violação dos dados bancários do caseiro Nildo?…
Link para esta matéria: http://ucho.info/?p=71491

Nenhum comentário:
Postar um comentário