(*) Lígia Fleury –
Cada um protesta como pode, como acredita que deve. O meu protesto é
por meio das palavras, sempre na esperança de que alcancem algum
político que não seja analfabeto funcional. Mais do que isso, precisa
ser um político idôneo e isso, embora possível, talvez seja o mais
improvável.
Porém, um improvável possível depois do que assistimos ontem. Eu,
particularmente muito feliz naqueles instantes, porque o povo me
devolveu ali o orgulho de ser brasileira.
O Gigante Brasil acordou! Um país Fênix! Que coisa fantástica.
Emocionante. Quero crer que os que foram às ruas sabiam pelo que
protestavam, pois foi comovente assisti-los caminhando, uma massa
gigantesca, sem violência, em tantas cidades brasileiras.
Lamentavelmente, como sempre, alguns vândalos para manchar a bandeira da
democracia, da união de um povo que cansou de ser explorado, que
acordou de um pesadelo. O pesadelo da corrupção.
Que esse pesadelo se transforme no sonho de um país fortalecido pelos
direitos dos cidadãos. Direito à saúde, à educação, à segurança.
Direito à liberdade de expressão, de ação. Direito à transparência
governamental. Sem vândalos!
Vândalos dos dois lados: os que protestam com pedras e pichações e os
que governam roubando e envergonhando uma Nação inteira com a própria
impunidade.
É de respostas como esse protesto que o Brasil precisa. Não é de uma
Copa do Mundo, muito menos de uma Copa das Confederações. É de jovens
gritando por seus direitos na educação e na saúde e não de uma mídia que
só enaltece o escândalo do quanto vale um jogador de futebol.
O Brasil não precisa de cadeiras confortáveis nos estádios; isso é só
para inglês ver! O Brasil precisa de cadeiras de qualidade nas escolas!
Isso é para o mundo ver!
O Brasil não precisa de jogadores que valem milhões. O Brasil precisa de professores que formem milhões de cidadãos dignos.
Aproveitando o termo escândalo, é de um mau gosto ímpar o fato do
atual Ministro da Educação perguntar qual a relação entre museu e
educação.
Para ele, talvez seja a mesma que há entre política e verdade,
dinheiro público e honestidade, saúde e eficácia, educação e direito de
todos, segurança e sociedade. Ou seja, nenhuma. Absolutamente nenhuma.
Mas para quem tem um mínimo de massa cinzenta, a pergunta é uma
afronta, que sequer merece resposta. Com certeza, Sr Ministro, Museu é
um local onde jamais estará seu nome e sua história, a não ser que seja
criado um Museu da Ignorância e da Incompetência e ali sim, vários de
seus colegas farão história também.
Pode um Ministro da Educação não ser formado em Educação? Por acaso
algum Pedagogo seria Ministro da Economia? Só no Brasil passado, dos
desacordados mesmo! Agora será diferente. Quero crer!
O Brasil acordou. Portanto, agora é chegado o momento em que o povo
adormecido se une com força e garra para ter o país de volta, sob o
controle da democracia, da legalidade, da educação, saúde e segurança
para todos. Que essa luta alcance as urnas!
Esse é o momento em que os corruptos que dormiam, passeavam e
roubavam em berço esplêndido, podem começar a gostar de algo além da
pizza. Porque dessa vez não vai acabar em pizza. É só o começo!
Parabenizo a todos os educadores e pais que tiveram alunos e filhos
nesse belíssimo protesto pela PAZ, pela Justiça, pela Não Corrupção,
pela Dignidade de um Povo. Os jovens ali mostraram que são críticos,
coerentes e que sabem ser civilizados. Postura essa que é fruto da
Educação.
Uma parcela da população de um país enorme, mas foram GIGANTES e
representaram uma nação cansada de bandalheira. Eu me senti representada
por esse povo maravilhoso. Obrigada a cada um que saiu pelas ruas
lutando pela nossa dignidade.
Quero crer que os políticos, analfabetos funcionais, tenham entendido
a mensagem. Um povo que ficou dormindo, que ressurgiu das cinzas, um
povo FÊNIX, do qual me orgulho muito!
(*) Lígia Fleury é psicopedagoga, palestrante, assessora pedagógica educacional, colunista em jornais de Santa Catarina e autora do blog educacaolharcomligiafleury.blogspot.com.

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