quinta-feira, 11 de julho de 2013

TCU encontra irregularidades em obras de saneamento

Marina Dutra
Do Contas Abertas
O Tribunal de Contas da União (TCU) encontrou diversas irregularidades nos convênios e termos de compromissos celebrados pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para execução de obras de saneamento, em municípios de até 50.000 habitantes. A auditoria da Corte teve o objetivo de identificar as irregularidades mais comuns e relevantes, para subsidiar propostas de medidas visando ao aperfeiçoamento na gestão pública empreendida pela Fundação.
O TCU investigou as operações de transferências de recursos da União, por intermédio da Funasa, para execução de obras de saneamento no âmbito dos programas “Serviços Urbanos de Água e Esgoto” e “Drenagem Urbana e Controle de Erosão Marítima e Fluvial”. O volume de recursos fiscalizados atingiu R$ 42,7 milhões e os benefícios financeiros apurados nas fiscalizações totalizaram R$ 2,8 milhões.
 O relator do processo, ministro Walton Alencar Rodrigues, salientou que há outros benefícios que não são economicamente mensuráveis cadastrados nos processo das fiscalizações. “Além disso, a consolidação dos achados permitiu identificar falhas sistêmicas e propor medidas voltadas à correção dos problemas”, afirmou o relator.
Segundo o Tribunal, as principais falhas foram encontradas nos procedimentos licitatórios das obras fiscalizadas. O TCU também verificou irregularidades concernentes à inobservância dos mecanismos de controle social pela Funasa, à má gestão dos contratos de execução pelos entes beneficiários, problemas nos projetos básicos analisados, falhas nos orçamentos das obras e acompanhamento deficitário dos convênios e termos de compromisso pela Fundação. De acordo com o relatório, foram apontados indícios de irregularidades em todas as 20 auditorias.
Em quinze fiscalizações, foram constatados indícios de irregularidades graves, sendo que dez levantamentos de auditorias continham no máximo, achados enquadrados como Irregularidade Grave com Recomendação de Continuidade – IG-C (50%). Outras cinco auditoras continham achados que ensejaram recomendações ao Congresso Nacional de bloqueio preventivo de recursos orçamentários, ou seja, achados enquadrados como Irregularidades Graves com Recomendação de Paralisação – IG-P (25%). Nas cinco fiscalizações restantes, foram constatados achados classificados como Outras Irregularidades - OI (25%).
As cinco obras que continham achados enquadrados com IG-P foram: Drenagem em Plácido de Castro (AC), Esgotamento Sanitário em Jauru (MT), Esgotamento Sanitário em Pilar (AL), Abastecimento de Água em Alto Paraguai (MT) e Obras de Abastecimento de Água em Augusto Corrêa (PA). Entretanto, de acordo com o TCU, a Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional não incluiu essas obras no Quadro de Bloqueio, no anexo VI do Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2012.
Recomendações
Diante das irregularidades, os ministros do Tribunal de Contas da União, recomendaram à Fundação Nacional de Saúde – Funasa que elabore normas, visando a contemplar a análise dos aspectos relativos aos procedimentos licitatórios vinculados aos convênios e termos de compromissos por ela firmados.
Além disso, a Fundação deverá elaborar e divulgar para sua clientela uma minuta de termo de referência para elaboração de projetos de engenharia, com base nos resultados a serem obtidos com as contratações para elaboração de projetos do PAC 2, que estão em curso, para servir de exemplo para os municípios que apresentem condições de contratação de projetos com recursos próprios.
Saneamento perdeu bilhões nos últimos anos
Levantamento realizado pelo Contas Abertas no Sistema Integrado de Administração Financeira do Distrito Federal (Siafi) demonstraram que de 2001 até 2012, R$ 10,6 bilhões, em valores constantes (atualizados pelo IGP-DI, da FGV) deixaram de serem aplicados na “Função Saneamento”.
De acordo com a pesquisa, nos últimos 12 anos o Governo Federal autorizou R$ 20,3 bilhões para serem aplicados em saneamento. Deste valor, apenas R$ 9,7 bilhões foram efetivamente gastos, cerca de 48% do valor total. Para se ter ideia, em 2012 foram autorizados R$ 4,3 bilhões para o setor. Porém, apenas R$ 1,5 bilhão foi pago.

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